sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Gargalhadas

Nesse dia o Douglas estava ajudando a Laura no dever de casa e se sentou ao seu lado, com a Isabella no colo.

De repente, vem a Laura correndo me chamar "Mãe, corre a Isabella tá dando gargalhadas, você tem que ver isso!...".

Achei que era exagero. Mas quando cheguei no quarto, lá estava a Isabella, olhando para o lápis que o Douglas balançava na frente dela, e ela morrendo de rir! Douglas: "Rápido, pega o celular pra gravar!"

O que aconteceu quando o Douglas se sentou com a Isabella, foi que ela viu a Laura fazendo o dever e começou a rir. Então o Douglas percebeu que o motivo era o lápis se mexendo. O lápis é a lembrança de maternidade da Isabella e tem uma joaninha na ponta.

As primeiras gargalhadas são esperadas por volta dos 3,  4 meses.  Mas esta é a expectativa média, cada criança tem seu tempo. A Isabella estava com 2 meses e 11 dias.




domingo, 22 de novembro de 2015

Irmãs


Durante a gravidez, criamos uma boa expectativa sobre a reação da Laura ao nascimento da Isabella. Ela ficou muito feliz quando soube que teria uma irmã e curtiu muito a barriga a gravidez inteira.
Mas tínhamos preocupações sobre como ela viveria a nova realidade de passar a compartilhar as coisas importantes de sua vida com a irmã.

Para nossa felicidade, a adaptação da Laura está sendo ótima. Superou nossas expectativas. Ela trata a Isabella com muito carinho. Sua frustração é que a irmã dorme muito mais e tolera muito menos interação do que ela gostaria.

Sorte. Pode ser apenas fruto da nossa boa sorte. Mas acredito que algumas variáveis nos favoreceram.

Amor. Algo que cultivamos com a Laura é a ideia de que o amor é infinito.  Sempre usamos este significado quando falamos do quanto a amamos. É algo que está presente nas nossas trocas de afeto. Com a gravidez, trabalhamos a ideia de que teríamos ainda mais amor na família.

Maturidade. A idade da Laura nos favorece. Com a diferença de 6 anos e meio, a lógica nos leva a pensar numa rivalidade muito menor, já que não estariam disputando os mesmos tipos de cuidados. A lógica, sim. Mas o que conta neste caso é a emoção. Ou inteligência emocional. Percebemos a Laura bastante segura do nosso vínculo com ela e acho que isso conta mais que a diferença de idade. Ando muito ausente do dia-a-dia da Laura e isso não tem abalado significativamente nossa relação. Estou sempre explicando que este nível de dedicação  à Isabella é temporário e que sinto falta de passar mais tempo com ela. E ela parece entender bem.



O pai. O Douglas e a Laura sempre foram muito próximos. Além de tudo, são grandes companheiros de brincadeiras! Com a gravidez os laços se estreitaram ainda mais, a medida que fui saindo de cena e o Douglas foi assumindo cada vez mais a rotina dela. Hoje ele cuida praticamente de tudo. Sinto-me quase desnecessária! Mas ainda sou eu quem cuida do cabelo dela :-)




Reciprocidade. A Isabella também está encantada com a Laura. Abre um sorriso sempre que a vê, ri de suas brincadeiras e não desgruda o olho quando a Laura está por perto. Uma graça!





Bebês. Laura ama bebês! Sempre vibra quando tem oportunidade de ter a companhia de um.  E tem sido assim com a Isabella!

Informação. Como de costume, busquei literatura pra nos ajudar a lidar com as novidades já durante a gravidez. Recomendo o maravilhoso Siblings Without Rivalry ("filhos sem rivalidade") e o ótimo Peaceful Parenting, Happy Siblings ("pais tranquilos, filhos felizes"). Ambos oferecem muita informação sobre como  estimular uma relação harmoniosa entre irmãos, entender e lidar com os conflitos na prática.

Até agora há uma única situação que às vezes acaba em lágrimas: a hora de dormir. Em nossa rotina com a Laura, eu sempre fiquei no quarto com ela, até ela adormecer. Agora eu nem sempre consigo. Se é um dia que ela está mais sensível, ou que tenho que sair do quarto antes que e ela adormeça, ela fica triste, às vezes chora. Mesmo assim, o mais frequente é ela fazer a rotina só com o pai, sem problemas.

Fico com o coração partido. Mas sei que é só uma questão de tempo voltar a estar mais disponível para a Laura.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Há 100 mil anos atrás

Em seu fantástico livro Kiss me! (Bésame mucho, no original em espanhol e na versão em português), o pediatra Carlos Gonzalez nos leva brilhantemente a refletir em que consiste, de fato, criar nossos filhos com amor. 

Esse livro me trouxe muitas ideias conhecidas pra quem aprecia o attachment parenting (criacao com apego). Mas examinadas de uma forma, - à luz da teoria da evolução e comparadas a varias teorias sobre como educar crianças - que aprofundou muito a minha visão sobre criação e trouxe novos insights.

Imagine-se há 100 mil anos atrás. Você e a sua cria. Sem teto ou roupa. Que características e comportamentos nos tornaram uma espécie bem sucedida? Nós, que nascemos extremamente vulneráveis, enxergando pouco e mal, e incapazes de nos locomover? Já imaginou, na natureza, como um filhote humano seria uma presa fácil?

Um filhote assim depende 100% da proteção dos adultos. Dos pais. Da mãe. Nasceu para que o contato constante com o corpo da mãe o mantivesse a salvo dos predadores, do sol, do vento, da fome e da solidão. Este contato constante é a sua sobrevivência. E, assim, o seu instinto pede que ele busque sempre estar com a mãe. E o instinto de sua mãe, que ela atenda sempre a essa necessidade de contato.

O que aconteceria, nesse cenário, se o bebê fosse deixado dormindo sozinho, no escuro da noite? Bem, se ele não acordasse e chorasse logo, corria o risco de virar presa. E se a mãe não atendesse ao choro rápido o suficiente, estaria condenada também. Mais ainda, bebês que tivessem uma predisposição genética de serem "bonzinhos", de não quererem estar sempre com a mãe, de não chorar no mínimo desconforto ou sensação de solidão, teriam menos chances de crescer e passar essa predisposição para seus descendentes.

Seria muito simplista dizer que estes comportamentos (despertar e choro do bebê, resposta tempestiva da mãe)  garantiram  o sucesso da nossa espécie. Mas certamente estão entre os que contribuíram para nossa evolução, afinal, todo filhote de primata chora.

Ei, espera aí!... Não é isso que fazemos com nossos bebês hoje em dia? Nós os colocamos em seus berços sozinhos para dormir! Mas hoje temos teto e roupas, certo? Esta situação não é mais uma ameaça... 

Verdade. A má notícia é que nossos genes não estão nem aí! A civilização e a cultura não exerceram nenhuma pressão evolutiva relevante sobre nossa espécie. Assim, a "programação" do bebê que nasce hoje é a mesma de 100 mil anos atrás. O instinto não mudou. Nem um centímetro.

E aí começa a encrenca. Nossa cultura, nosso estilo de vida atual, coloca sobre os bebês expectativas que nada tem a ver com ficar no colo da mãe o tempo todo ou dormir com ela. Ou acordar frequentemente. No nosso mundo ideal de hoje, o bebê deve dormir sozinho em seu quarto, a noite inteira. Assim, pais e bebê estarão descansados no dia seguinte, pra seguirem sua rotina moderna. Acordado, o bebê também fica "bonzinho" no carrinho ou no berço, para que a mãe consiga cuidar das coisas...

No mundo real, vivemos numa briga, entre as necessidades "ancestrais" dos nossos bebês e as necessidades da nossa vida atual. Ao resgate de pais exaustos e privados de sono, vêm best sellers, como "Nana Neném" (aquele que te ensina a deixar o seu filho chorando até "aprender" a dormir sozinho), e outros menos radicais, como a "encantadora de bebês", mas que tem uma coisa em comum: o principal objetivo é resolver o problema dos pais. Fazer o bebê se adequar ao que os pais consideram conveniente, com pouco ou nenhum respeito pelas necessidades do bebê.

Eu já estive do outro lado. Quando tive a Laurinha, tinha obsessão por fazê-la dormir no berço. Ela, obviamente, queria ficar no colo. Ainda mais sendo um bebê high need. Embora as necessidades da Laurinha tenham feito com que eu abandonasse os best sellers tipo "A encantadora de bebês" e buscasse algo que fizesse mais sentido pras necessidades dela, mantive a ideia do berço.

Não tinha consciência que minhas expectativas eram baseadas em preconceitos comuns em nossa cultura: a ideia de que colo mima ou de que, se o bebê não dormir no berço desde o início, tudo está perdido, não dormirá sozinho nunca mais. Também ainda não separava com clareza o joio do trigo, em se tratando de teorias sobre educação/criação de bebês e crianças.

O contato com o attachment parenting, que é fundamentado em respeitadas pesquisas científicas, começou a desconstruir estes mitos e refinar minha visão. Mas foi um processo gradual, um longo aprendizado (que nunca termina). Consegui aplicar muitas coisas na criação da Laura naquela época. Mas não tinha a maturidade que tenho hoje.

Cada vez que a Laura acordava, passava, às vezes horas, sentada na cadeira de balanço com ela no colo. Quando achava que seu sono era profundo o suficiente, colocava no berço. Às vezes ela acordava imediatamente. Às vezes demorava. Com o tempo ela passou a acordar menos. Mas só foi dormir a noite inteira (considerando aqui ao menos 5 horas ininterruptas por noite) com quase 3 anos!

Imaginem esta rotina, que no início eram várias vezes por noite: bebê chora, mãe acorda, pega no berço, amamenta e/ou nina, põe no berço de volta, volta pra cama, repetir... Receita para bebê irritado e pais exaustos.  Felizmente não me encantei pelos métodos que me prometiam a paz, se eu "adestrasse" o meu bebê. E a Laura atingiu sua maturidade do sono no tempo dela. Pelo menos como foi possível na época. Hoje acho que a história teria sido diferente se ela tivesse dormido em nossa cama. Mas, na época, não estávamos prontos pra isso.

Com a Isabella, conseguimos nos entregar ao attachment parenting completamente. Acordada ou dormindo, ela passa o dia no colo. E à noite dorme em nossa cama.  Tira tanto sonecas curtas quanto longas durante o dia. E eu aproveito alguns desses momentos pra dormir também.

Como está no colo, se acorda sonolenta, embalo novamente e ela continua dormindo. E muitas vezes procura o peito para mamar, sem sequer abrir o olho.  No berço, estes eventos  seriam interrupções da soneca; eu e ela descansaríamos muito menos.

Quando acordada, passeio com ela pela casa, brincamos, revezo com a babá ou o Douglas para comer, tomar banho...

À noite, Isabella também mama assim, nem abre o olho. São raras as noites que ela acorda e preciso levantar para niná-la. Temos uma rotina intensa, mas prazerosa. Com muito menos cansaço e choro do que esperava. 

Claro, temos que levar em conta que o temperamento da Isabella também contribui para este dia-à-dia mais tranquilo. Mas também não temos como avaliar até onde o attachment parenting proporciona esta relativa tranquilidade e até onde a tranquilidade vem da personalidade da Isabella. Provavelmente as duas coisas se complementam. 

Além disso, com mais experiencia, situações que foram difíceis são vistas com mais naturalidade e/ou como coisas temporárias. Por exemplo, nos últimos dias ela tem tido mais dificuldade para adormecer à noite. Fica agitada, chora e acabamos indo pra cama mais tarde. Mas simplesmente isso é parte do trabalho de pais. E vai passar...

Da minha cadeira de amamentar, graças ao meu smartphone, faço de tudo enquanto a Isabella está dormindo: supermercado, farmácia e outras compras; leio e-mail, livros e escrevo posts. Converso com família, amigos e até as babás pelo WhatsApp pra coordenar as tarefas de casa. Pago contas e mantenho um controle mínimo das finanças. Parece muito, mas são coisas que vou fazendo a conta gotas.  A prioridade é sempre a Isabella.

Berço? Muito raramente. Não sei quando faremos a transição da Isabella para o berço. E nem estamos preocupados. Pois sabemos que a dedicação intensa destes primeiros anos é o maior investimento que podemos fazer em seu desenvolvimento e bem-estar. É tendo suas necessidades atendidas que ela vai se tornar uma pessoa inteira, independente e segura. 

O raciocínio é simples: a cada necessidade atendida, aumenta sua segurança de que terá sempre cuidados. Que pode confiar nos pais. E, por extensão, isto afetará como se relacionará com as pessoas no futuro.

Cada necessidade atendida é superada e não fica ali, no caminho, atrapalhando o desenvolvimento do cérebro. Quando não tem que gastar energia sentindo sua sobrevivência ameaçada, o bebê tem tudo a disposição para crescer e desenvolver suas habilidades.

Criar filhos com amor? Pra mim está  sendo me entregar de corpo e alma ao que eles precisam realmente, com empatia e respeito. Incondicionalmente.

Eu e a Isabella
Voltando ao Carlos Gonzales: leiam o livro. Explorei apenas um aspecto do sono, mas o livro discute o que está por trás de muitos outros comportamentos de bebês e crianças. Muito interessante como o livro debate ideias e formas de criação consideradas aceitáveis em nossa  sociedade, que são de extremo desrespeito com as crianças. Leitura indispensável!

Se quiserem ver mais um pouquinho de suas ideias, vejam esta entrevista que ele deu à revista Crescer.




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Agora sabemos tudo!

Realmente é o que todos dizem: com o segundo filho é muito mais fácil. É impressionante como nossa atitude com a Isabella é mais relaxada!

Com a Laura foi um começo difícil. Além de todas as dúvidas, insegurança e visão idealizada da maternidade / paternidade, levou um tempo até entendermos como lidar com um bebê "high need". E ainda assim não foi simples lidar com as demandas desta forma intensa de maternidade. Mas valeu e vale cada segundo de dedicação!

E aqui estamos nos dedicando agora à Isabella. Que nos parece também high need, ainda é cedo pra dizer. Mas a rotina flui muito mais fácil, mesmo tendo que conciliar com a atenção à Laura (que, aliás, vem se adaptando muito bem!). 

Vamos atendendo às necessidades  da Isabella com o que percebemos que funciona pra ela: mamar livre demanda, passar a maior parte do tempo no colo, seja acordada ou dormindo. Garantindo toda sua necessidade de aconchego e segurança!



E o resultado pra gente tem sido menos choro, mais descanso, menos desgaste emocional e mais satisfação pra todos. Estamos em plena lua de ... Leite! 


Não, não sabemos tudo. E não significa  que esta rotina seja fácil ou não canse. Mas aprendemos muito em nossa experiência com a Laurinha, o que está nos dando mais tranquilidade agora com os novos desafios.













terça-feira, 15 de setembro de 2015

Nascimento da Isabella

Na gravidez da Laura não tive opção: uma consulta de rotina virou dia de parto cesáreo devido ao nível do líquido amniótico ter baixado muito.

Com a Isabella eu estava na expectativa de entrar em trabalho de parto e só então decidir se o parto seria normal ou não, embora já houvesse uma data limite a partir da qual eu faria cesárea. 

39 semanas e nada. Minha barriga até tava baixando, mas fora isso, nenhum outro sinal. Marcamos a cesárea no hospital para uma quarta-feira, dia em que eu completaria 40 semanas. 

A partir das 39 a Dra. Geovanna passou a me ver a cada 2 dias. Com 39 semanas e 5 dias, fiz um CTB (cardiotocografia, um exame para avaliar o bem estar fetal), como parte deste monitoramento. O resultado não foi bom e o médico que me atendeu aconselhou procurar a avaliação da Dra. Geovanna.

Mandei uma foto do exame pelo WhatsApp  e a resposta mais ou menos foi... "Te encontro no hospital..." 

E aqui a história se repetiu. Um exame de rotina virou cesárea. Felizmente pude contar novamente com a avaliação precisa da Dra. Geovanna!  Na cesariana, mais coincidências: praticamente não tinha mais líquido amniótico e Isabella estava com uma circular de cordão no pescoço.  

Enfim, tudo correu da melhor maneira possível e na hora certa, antes que Isabella entrasse em sofrimento!  Isabella nasceu bem, com 2970 g e 49 cm, na tarde do dia 14 de setembro.

E aqui estamos super felizes com a nossa mais nova princesinha!




  

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Fazendo mistério

Depois de três tentativas, eis as "fotos" da Isabella. A danadinha achou um cantinho preferido e não mudou mais de posição! Claro, uma posição que dificulta visualizar seu rostinho. Tentamos o ultrassom 3D com 29, 30 e 32 semanas. A posição da placenta não ajuda (anterior), mas a Isabella também estava sempre com as mãos ou pés na frente do rosto!
 

Com 30 semanas - placenta na frente do rosto

Com 32 semanas - rostinho mais cheio e imagem mais definida. Mas a mãozinha e a placenta estão aí...

Será que parece com a irmã?  Com a Laura foi mais fácil, pois a placenta era posterior e ela "colaborou" mais. Mas dá para perceber que a tecnologia para este tipo de imagem melhorou bem em 7 anos... As da Isabella saíram mais nítidas.

Laurinha com 28 semanas - Chupando o dedo do pé!

Laurinha com 28 semanas - Olha a pose!



Nota: as "fotos" da Isabella já estão "antigas",  de 5 a 7 semanas atrás. Agora já estou na reta final, com 37 semanas. 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Segunda gravidez: as diferenças

Como disse no post anterior, segunda gravidez é muito diferente.  A vida da família continua e é preciso conciliar as demandas da gravidez com este dia-a-dia.

Foto do ensaio fotográfico feito com 29 semanas. By Eternizando Momentos

Pra começar,  serão poucos posts sobre o assunto e não detalhes a cada consulta ou novidade, como na gravidez da Laura. :)   E mais diferenças:

Sono e paparicos: como faço 7 horas corridas no trabalho, na gravidez da Laura tinha o privilégio de chegar em casa e, simplesmente... dormir! Fazer isso agora? Só em sonhos. No máximo uma soneca de dia no fim de semana... De vez em quando...

Com tempo sobrando, tanto porque não tínhamos a Laura como pelo fato de trabalhar menos horas que hoje, o Douglas conseguia me acompanhar em tudo e paparicar muito mais. Estava comigo das compras às consultas. Agora, muitas vezes tem que escolher de que ultrassom ou consulta participar.

Enxoval: falando em compras,  agora (mais que nunca!) faço tudo online. Das roupas ao papel de parede. Na gravidez da Laura comprei quase tudo em lojas físicas. Agora o inverso é a realidade. Sem falar que, com a experiência adquirida nestes anos, estou gastando muito menos. Conta o fato de saber melhor o que comprar. E a experiência de compras no exterior também me deixou mais exigente quanto a preço e qualidade.

Enxoval: Outlet Americano online
Embora o dólar alto e a cautela com a gravidez  (apesar da médica liberar) tenha feito com que desistíssemos de viajar para os EUA para fazer enxoval, comprei praticamente todas as roupas da
Isabella fora, além de muitos acessórios, como mamadeiras e bomba para tirar leite. Normalmente calculo o valor dos artigos já com imposto de importação antes de me decidir e, ainda assim, vale a pena. É impressionante como alguns artigos são absurdamente caros no Brasil. Como em muitas das compras não fui taxada, foi bastante vantajoso.

A decoração estou fazendo quase toda pelo Elo 7. Já  tinha tido uma ótima experiência com a organização do aniversário de 5 anos da Laura e resolvi repetir a dose. Mesmo comparando com preços de 6 anos atrás, estou gastando metade do que gastei. E pagando frete. É mais complicado comprar decoração online, de várias lojas diferentes. Tenho que coordenar os itens e ás vezes o monitor te engana. Já tive que devolver o kit de berço porque a cor "ao vivo" era diferente do que aparecia na tela do computador. Mas está valendo muito a pena.



Decoração: tudo pelo Elo 7

Moda gestante: na gravidez da Laura, fiz um guarda-roupa de gestante. Depois da gravidez não queria nem ver os vestidos. E a maioria não dava pra usar mesmo. Desta vez achei desnecessário. Estou usando as roupas mais largas que tenho sem problemas. Tirando algumas leggins e sapatos baixos (que vou usar depois que a Isabella nascer...) não comprei nada específico pra grávidas.

Saúde: na gravidez da Laura tive incisura (uma alteração no fluxo sanguíneo das artérias uterinas, que pode resultar em problemas de pressão), mas que não me causou problemas de pressão.  Até o momento, este problema não apareceu.

Agora estou tratando um anemia leve, que não lembro de ter tido na gravidez da Laura. Como minha pressão já é baixa e a anemia, mesmo sendo leve, faz baixar mais ainda, estou impedida de fazer atividades físicas mais intensas. Liberada só para caminhadas leves. No último hemograma deu tudo quase normal, a suplementação de ferro está fazendo efeito.

Aquelas coisinhas da gravidez: como na da Laura, tive enjoo a partir da 6a semana. Mas foi menos intenso e não precisei tomar medicação. Em compensação, durou mais. Com a Laura acabou com 17 semanas. Com a Isabella, um pouco depois da 20a semana!

Fiquei mais preocupada com problemas de formação e genéticos por conta da minha idade, mas correu tudo bem. Isso fez com que adiássemos mais o anuncio da gravidez: na da Laura anunciamos depois de 8 semanas.  Na da Isabella já estava com 13 quando contamos.

29 semanas e 1 metro de barriga!

 A barriga está tão grande quanto na gravidez da Laura, embora eu tenha ganhado menos peso até o momento.

Na gravidez da Laura não consegui uma boa nutricionista e acabei não fazendo um bom acompanhamento.  Desta vez estou com uma ótima profissional, que realmente contribuiu para melhorar a alimentação não só minha, como de toda a família.

Também estou monitorando a diástase. Na gravidez da Laura, nem sabia que existia. Aliás, nunca parei de fazer os exercícios de manutenção, mesmo no 1o trimestre. 







Laura: curtindo todos os momentos!

E está sendo incrível viver este momento com a Laura. Ela está curtindo demais, o que nos deixa muito felizes também. Sabemos que haverá uma adaptação à nova realidade quando a Isabella nascer, mas estamos com uma boa expectativa. Estou agora para completar 32 semanas e em contagem regressiva!

domingo, 3 de maio de 2015

Isabella


O da Isabella vai ser parecido com este e está sendo feito pela loja Fuxicando Arte

Quem nos conhece sabe que já tínhamos optado por ter uma única filha. Não que eu não quisesse. Mas como esta não era  a vontade do Douglas, a opção estava feita. Sempre pensei que esta é uma questão a respeito da qual não se força a barra. Criar um filho é algo que exige muito do casal e é preciso estar em sintonia desde o começo.

Então a vida estava resolvida. Já fazia projetos de futuro considerando a nossa família de filho único. E afirmava com certeza categórica para qualquer um que perguntasse que não teríamos outro.  Nunca, nem de longe me passou pela cabeça que o Douglas mudaria de ideia. Mas mudou!

Em outubro comentava com ele sobre o nascimento do filho de um amigo quando ele veio: "...falando nisso, eu estava pensando..." Quase tive um troço. Mil coisas me passaram pela cabeça ao mesmo tempo... Será que ainda quero? Será que ainda consigo? Será que ainda engravido aos 43?! Mas as dúvidas não duraram quase nada. E o tempo estava contra mim. Comecei logo a planejar: consulta com a ginecologista, pesquisar sobre fertilidade/infertilidade, riscos da gravidez depois dos 40...

A primeira coisa foi voltar para o meu amigo Fertility Friend. Que agora tem até app. Na época da gravidez da Laura só tinha o serviço no site.  Comecei a rotina de registrar os sinais de fertilidade ao longo do ciclo. Comparando os gráficos de outubro e novembro com os da época da Laura, parecia tudo funcionar como antes, o que me deixou animada.

A minha médica pediu um batalhão de exames. E uma triagem da minha fertilidade: medir hormônios em vários momentos do ciclo, estimar reserva ovariana. Os exames hormonais não estavam tão ruins, apesar de apresentar na maioria valores limítrofes em relação ao esperado. Mas no dia em que fiz o ultrassom para estimar a reserva ovariana voltei para casa desanimada. A reserva deu baixa. Disse para o Douglas que achava que não seria tão fácil engravidar desta vez. Então ele sugeriu que começássemos a tentar naquele ciclo, em dezembro.

Fiquei muito espantada quando o exame de gravidez deu positivo. Como assim de primeira? Nem na gravidez da Laura tinha sido tão rápido.  Mas, como dizem os especialistas, se a função ovariana está preservada (o ciclo funciona direito, a ovulação está ok...), você só precisa de um óvulo para engravidar.

A grande questão era: o óvulo ainda seria de boa qualidade? Este é um dos maiores problemas de quem engravida mais tarde, uma vez que, mesmo com boa saúde, os óvulos envelhecem. Existe certa controvérsia a este respeito, pois há pesquisadores que propõem que estilo de vida e determinados suplementos influenciam positivamente nesta qualidade. No pouco tempo que tive antes de engravidar, cheguei a tomar alguns como Arginina e Co-enzima Q10. Mas a maior parte das evidências está do lado da influência negativa da idade sobre a qualidade do óvulo. São mais frequentes abortos espontâneos e anomalias genéticas.

Também já tinha pesquisado e havíamos decidido fazer um exame surgido nos últimos anos, que faz uma triagem do DNA fetal para anomalias genéticas, de forma não  invasiva, a partir de células do feto presentes no sangue da mãe. É uma classe de exames chamada NIPT (Non Invasive Prenatal Test - Teste Prenatal Não-Invasivo). O exame é caro e tem laboratórios credenciados no Brasil apenas para a coleta do sangue. O teste é feito nos EUA e a gente tem que esperar até 20 dias úteis pelo resultado.

Havíamos decidido só revelar a gravidez, inclusive para a família, após o fim do primeiro trimestre, quando já teríamos feito o ultrassom morfológico e já teríamos o resultado do NIPT. Como a idade traz mais riscos e também temos a Laura, não quisemos criar expectativas antes de ter mais segurança sobre a saúde do feto e da gravidez.

No período do segredo contei com o Douglas e duas amigas (Regiane e Elayne) para dividir as preocupações e alegrias. Sem este apoio acho que teria surtado! :)))

Bem, deu tudo certo. Ultrassom morfológico do primeiro trimestre normal e NIPT apontando o risco mais baixo da escala para as principais anomalias genéticas. O NIPT também aponta o sexo: teríamos outra menina. Hora de contar!

Contamos primeiro pra Laura. Ela quase surtou de alegria. Saiu pulando pela casa e procurando a babá, Julienne (pra quem eu tinha contado um dia antes), pra contar que iria ter uma irmã! Depois ligamos para nossos pais. Todos ficaram muito contentes com a novidade. Depois foi dividir a alegria também com os amigos.

No aniversário do Douglas, o presente foi para a Isabella :) (dos colegas de trabalho)

Pra começar a envolver a Laura, deixamos que ela escolhesse o nome.  Eu e Douglas queríamos Amanda, mas a Laura não aprovou. Começou com Bárbara, para que a irmã tivesse o apelido de "Barbie". Ui. Ao longo do dia fomos falando do assunto, até que eu lembrei da boneca que ela ganhou no Natal, para quem ela deu o nome de Isabella. Até brinquei: "...mas você não vai querer sua irmã e a boneca com o mesmo nome, né Laura?".  Engano meu. Ela adorou. Disse: "...perfeito, elas serão gêmeas!" . Tudo bem que semanas depois ela trocou o nome da boneca...

Bem, os dois "l". Quando escolhemos Amanda, queríamos um nome bilíngue, comum tanto em português quanto em inglês. Para nossa sorte. Isabella atendia os requisitos. Mas a grafia mais comum em inglês é com dois "l".  Como por aqui também esta grafia não é incomum, ficou Isabella. Apesar de não gostar de nomes complicados, com th, y, letras duplas sem necessidade e etc.

A gravidez está indo bem. E a Laura está curtindo horrores. Conta pra todo mundo, abraça, beija, conversa com a barriga. Conta os meses quase todos os dias. Até ficamos surpresos com tamanha alegria. A Laura nunca tinha pedido irmãos, embora tenha criado irmãos imaginários. Mas amigos/irmãos/etc.  imaginários é algo comum e não vimos isto como algo especial no caso dela, que tem muita imaginação. Aliás, os "irmãos" já tinham ido embora há algum tempo.

Curtindo a irmãzinha, agora no 5o mês de gravidez

Segunda gravidez é bem diferente. O tempo é muito curto. A rotina da Laura continua e o tempo que "sobra" tem que ser divido com consultas, exames e organização do enxoval. Tem sido difícil a gente se organizar para postar as novidades até para a família.  Ainda não sabemos se vamos criar um blog pra Isabella. Por enquanto vamos dando notícias por aqui.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Efeito das mídias eletrônicas nas crianças


A Laura tem uma agenda cheia. Ela vai à escola. Faz robótica, artes, piano, natação. Mas tem tempo livre o suficiente para brincar todas as tardes com as crianças do prédio em que moramos ou nos playgrounds próximos.  Tempo para desenhar. Ler. Brincar com seus brinquedos. Brincar comigo e o Douglas, com a babá... E no meio de tantas atividades, sim: a Laura brinca com o seu iPod ou iPad e/ou assiste TV, e, mais raramente, brinca no computador.

Desde bebê,  dispositivos como o iPod fazem parte da sua rotina. E já fazia da nossa, antes de a Laura nascer. Eu e o Douglas temos formação em Ciência da Computação, somos profissionais de Tecnologia da Informação (TI). Douglas é particularmente apaixonado por ciência, tecnologia e futurismo. Não seria diferente. Tecnologia para nós sempre foi ferramenta de trabalho, educação e lazer.

Depois que a Laura nasceu não demorou muito para que víssemos a tecnologia como aliada em nossa rotina. A Laura era um bebê bastante exigente: dormia pouco durante o dia, acordava muito à noite. Ficava pendurada no peito. Requeria bastante interação, só queria meu colo e chorava facilmente nas situações mais corriqueiras, como trocar de fralda ou tomar banho. Além de querer o colo ela queria movimento. Então, na maior parte do tempo eu ficava de pé, de preferência andando ou dançando... Carrinho? Só funcionava se estivesse em movimento também. Não fosse o Douglas e a babá para revezar...

Mas nem o revezamento e nem todo o amor do mundo nos protegia de chegar ao fim do dia exaustos. Quem acompanha este blog sabe que a chave para lidar com a Laura foi tudo que aprendemos na literatura sobre sua personalidade, formas de lidar com suas características particulares, desenvolvimento e educação infantil.

Mas lançávamos mão de tudo que parecia ajudar... e as mídias eletrônicas entraram aí.  Começamos a usar a TV, pelo poder de capturar a atenção da Laura. Basicamente, isso garantia alguns minutos sentada com ela. Não me lembro quantos meses depois de nascida foi o primeiro contato. Mas lembro que neste início ela gostava de assistir o tema de abertura dos Backyardigans (o Douglas chegou a gravar um DVD que repetia a abertura por alguns minutos), Bebê Mais e Baby Einstein. Um dia, a Laura devia ter uns 5 meses, testamos usar o iPod com um vídeo infantil durante a rotina após o banho da noite. E a distração realmente ajudou a levar esta rotina adiante com mais tranquilidade.

1 ano e 3 meses: "meu" iPod?

Consequência natural, gradativamente o iPod passou a ser opção para educação e lazer da Laura também. Qualquer que fosse o dispositivo, sempre tivemos muito cuidado com o conteúdo, escolhendo a dedo programas e apps que usávamos. Mesmo depois que ela já tinha condições de ficar sozinha, vendo TV, por exemplo, nunca a deixamos. Até hoje,  é algo que evitamos. Até pela questão do bilinguismo, tínhamos a noção de que exposição passiva a um conteúdo raramente traz benefícios (aprendizado, por exemplo), então estávamos sempre juntos e interagindo.

Paralelamente, comecei a me preocupar se esta exposição precoce poderia ser prejudicial. Esbarrei em algumas recomendações bastante radicais, como a da American Academy of Pediatrics - AAP - (Academia Americana de Pediatria), que recomenda que crianças menores que 2 anos não sejam expostas a nenhum tipo de mídia eletrônica, seja por meio de TV, computadores, dispositivos móveis, etc.

Bem. Antes de completar 1 ano, a Laura puxou o iPod das mãos do Douglas pela primeira vez. Antes de completar 2 anos, ela já sabia ligar, desbloquear e escolher o que queria fazer no seu iPod... Sempre achamos que exposição à mídia eletrônica, como tudo na vida, é uma questão de uso saudável, equilibrado.

Com tudo que tínhamos aprendido (e continuamos aprendendo) sobre desenvolvimento e educação infantil, sempre foi claro para nós o quê é mais importante para um desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social saudável: dar à criança atenção e interação adequada, estarmos presentes, darmos suporte emocional, amor. A recomendação da AAP me pareceu excessiva. Desde quando aquele nível de exposição à mídia eletrônica estaria privando a Laura de tudo isso?! Pra mim era óbvio que não estava. Mas a pulguinha ficou atrás da orelha. Será que poderia trazer algum prejuízo para o desenvolvimento do cérebro?

Não demorou muito para esbarrar em outras recomendações para limitar (ok, claro!) e mesmo banir (o quê?!) dispositivos da vida das crianças pequenas.  Artigos como este sugerem que o acesso a mídia eletrônica deve ser proibido até os 12 anos! A última recomendação, li em um post da minha adorada psicóloga Dra. Laura Markham, autora do livro "Peaceful Parenting, Happy Kids." Ela baniu TV (e outros dispositivos) de sua casa, até que seus filhos, por volta dos 10 anos, começaram a querer saber sobre os programas que os amigos assistiam.  Ela é terminantemente contra uso de mídias eletrônicas como hábito diário, pois, segundo as pesquisas em que ela se baseia, dentre as muitas desvantagens, estas mídias viciam.

Sou muito sensível a recomendações de especialistas a quem respeito. Mas isso, novamente, pareceu-me uma atitude extrema. Vemos tecnologia como parte natural da nossa vida e percebemos, no nosso dia-a-dia com a Laura, o poder que ela tem de apoiar o aprendizado e o amor pelo aprendizado.

Todos sabemos que a tecnologia está cada vez mais presente, em ritmo acelerado. E estamos só começando.  A solução é esconder as crianças embaixo da cama, colocá-las em uma bolha de vidro? Ou seria melhor prepará-las para lidar com um mundo sempre em evolução?  Prepará-las para ter uma relação saudável com as mídias eletrônicas? A raça humana estaria condenada a déficit no desenvolvimento, obesidade e desordens mentais por conta da tecnologia? Sim. É o que algumas pesquisas sugerem. Algumas chegam a sugerir correlação com déficit de atenção e hiperatividade (o famoso Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - TDAH) e até autismo.

Alerta: correlação não é relação de causa e efeito! Significa, por exemplo, que se pode ter notado um aumento do diagnóstico de TDAH (ou qualquer outra doença)  no mesmo período em que aumentou o acesso das crianças a mídias eletrônicas. Mas coincidência temporal não significa que uma coisa causou a outra. O aumento no diagnóstico de casos de TDAH pode ter ocorrido simplesmente pelo fato de a ciência ter avançado e os profissionais de saúde terem se tornado mais capacitados para fazer o diagnóstico. Ou por um "efeito manada", em que qualquer desvio de comportamento acaba sendo diagnosticado como TDAH.

De qualquer forma, estamos em um momento em que  aumentou nossa preocupação com a exposição da Laura a mídias eletrônicas. Achamos que a Laura tem ficado mais absorvida quando está assistindo algo ou brincando no iPad. Interrompê-la, às vezes, é motivo de conflito.

iPad: Concentrada...
Sabemos que hoje seu poder de concentração é maior. E que ela reclama também se estiver no meio de outra atividade, como desenhar, e tiver que parar.  Transições são momentos delicados e às vezes a gente esquece de que ainda é necessário prepará-la. Mas, isso não elimina a possibilidade de que seu comportamento seja algo específico da sua relação com as mídias eletrônicas.

Outro dia, discutindo como tratar o assunto, o Douglas até colocou que acha que a diferença entre interrompê-la quando ela está desenhando é diferente de quando ela está jogando ou assistindo algo, pelo fato de, na primeira atividade, ela ter mais controle sobre o que está fazendo e o baixo impacto da interrupção. No caso de um vídeo ou app, há a ansiedade de se perder alguma coisa ao ser interrompido "bem naquela hora", o que naturalmente vai provocar atraso em nos atender e/ ou protestos mais intensos.

Já andava meio cansada da insatisfação com as respostas que tinha obtido até o momento. Tudo com cara de medo e dificuldade de lidar com o que é novo e/ou pouco compreendido. E resolvi pesquisar, pensando que alguém deveria ter uma opinião ou evidências diferentes das fontes de informação a que tive acesso. Não é possível ter uma visão equilibrada, bem fundamentada de um assunto se você não ouve quem é pró e quem é contra. Já tinha visto bastante  o lado contra e fui procurar literatura que tivesse uma visão mais positiva do assunto. E encontrei o livro: Screen Time: How Electronic Media—From Baby Videos to Educational Software—Affects Your Young Child, da repórter Lisa Guernsey.

Hum... repórter? Não era melhor um especialista em desenvolvimento infantil e/ou do cérebro? Talvez. Mas fiquei bastante impressionada com a quantidade  e qualidade do material que ela usou para escrever o livro. Em toda parte há referência a artigos, eventos da área de que ela participou para fazer sua pesquisa, entrevistas com especialistas e pesquisadores renomados. E uma análise profunda de muitos mitos relacionados com o uso das mídias eletrônicas por criança. Pareceu-me um livro muito sério e bem embasado.

Além do que, identifiquei-me prontamente com sua motivação:  mãe de duas meninas, ela queria respostas diretas e conselhos realistas sobre os efeitos de mídia eletrônica sobre crianças.  Depois de profunda investigação, ela sugere que exposição à mídia tem que ser vista menos em termos da quantidade de exposição e mais em termos da qualidade do conteúdo, do contexto em que é usada e das necessidades individuais da criança. Isso sim, me pareceu sensato.  Para exemplificar, comento a seguir algumas coisas que o livro esclareceu para mim. Não pretendo apontar para as referências às pesquisas já documentadas no livro. Sugiro que leiam o livro para maiores detalhes. Aliás, recomendo fortemente.

Chamo a atenção também para o fato de que esta é a minha visão do livro. Certamente tendenciosa pelo fato de ter me identificado bastante com a autora.


1) A recomendação da AAP

 Associação Americana de Pediatria recomenda:
"...avoid television viewing for children under age of 2 years ...
... research on early brain development shows that babies and toddlers have a critical need for direct interactions with parents and other significant caregivers (e.g. child care providers) for healthy brain growth and the development of appropriate social, emotional and cognitive skills. Therefore exposing such young children to television programs should be discouraged."
("... deve-se evitar que crianças menores de 2 anos assistam televisão...
... pesquisas no desenvolvimento do cérebro mostram que bebês e crianças pequenas tem uma necessidade crítica de interação direta com pais e outros cuidadores importantes (e.g. nas creches) para um crescimento saudável do cérebro e desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas adequadas. Portanto, tal exposição precoce de crianças à televisão deve ser desencorajada.")
A AAP fez esta recomendação com a melhor das intenções, certamente pensando no interesse das crianças. Mas, para minha surpresa, sua recomendação não foi devidamente fundamentada. Ela se baseou na pesquisa existente que demonstra o papel primordial que  atenção e interação desempenham para o desenvolvimento da criança. Perfeito. Mas não se baseou em pesquisas igualmente maduras que demonstrassem prejuízo da exposição precoce a mídias eletrônicas. Segundo fala de um dos membros do comitê de mídia da AAP, "... nenhuma pesquisa tinha apontado ainda qualquer vantagem em expor crianças menores de 2 anos a TV...".  E por isso resolveram ser tão radicais?

E, coisa que não se conta quando citam esta justificativa contra a exposição a mídias eletrônicas: esta recomendação foi bastante criticada no meio científico por sua falta de fundamentação e seu caráter excessivo.

Além do mais, desde quando expor a criança a este tipo de mídia a está privando automaticamente de interação com pais e cuidadores? Estão assumindo que a criança ficará exposta quanto? 100% do tempo? E quanto aos pais que tem participação ativa no uso da mídia com seus filhos: assistem, jogam e brincam junto com a criança, caso em que não podemos falar de uma exposição passiva e nem de falta de interação?

Além disso, se os pais são negligentes a ponto de deixar a criança sujeita a uma falta de interação prejudicial ao seu desenvolvimento, a disponibilidade de mídias eletrônicas é a culpada? Desligar a TV vai tornar estes pais menos negligentes? Vai de fato aumentar o tempo que as crianças estariam interagindo com estes pais? Pouco provável.

E será que todo o tempo de interação com os pais é positivo? Ou somos todos humanos e temos momentos ruins também?

Como diz a autora do livro, em mundo ideal em que os pais tivessem tempo ilimitado para ficar com crianças eternamente felizes e bem comportadas, ninguém sequer pensaria em usar um vídeo para bebês para conseguir um momento para respirar. Mas, no mundo real, os vídeos são usados para isso. A resposta é moderação.

2) TDAH

Em 2004, um estudo liderado pelo pediatra Dimitri A. Christakis, à época pesquisador  do Instituto de Saúde Infantil da Universidade de Washington, reportou que  crianças que tinham assistido muita TV quando pequenas estavam tendo problemas de atenção aos 7 anos. O estudo parecia fornecer a primeira evidência de que a exposição à TV poderia afetar negativamente o desenvolvimento do cérebro e recebeu bastante atenção da mídia. Seus autores sugeriram a seguinte ligação: quanto mais TV, maior o risco de problemas de atenção. E que diminuir exposição à TV reduziria o risco de TADH.

Mas, em poucos meses após a sua publicação no jornal Pediatrics, o estudo  foi criticado por cientistas especializados em TADH, pesquisadores em psicologia do desenvolvimento infantil, e mesmo especialistas em mídia e comunicação, que apontaram falhas significativas no estudo. Por exemplo, nenhuma criança do estudo havia sido diagnosticada clinicamente com TADH. As conclusões foram tiradas a partir da declaração dos pais das crianças de como elas se comportavam... Parece piada, algo tão grosseiro, numa pesquisa que se diz científica, né?

Pois é. Outros pesquisadores questionaram também por que alguém sem tradição no meio científico estava ganhando tanta atenção.  Bem, ele ocupava um cargo no governo...

O estudo não levou  também em consideração a possibilidade de relação inversa ao que seus autores propuseram. E, se, quanto mais extremos os problemas de comportamento, mais os pais tivessem recorrido ao uso de TV para tornar sua rotina com estas crianças mais suportável?

A conclusão é que, com os dados disponíveis no estudo e considerando suas diversas falhas, não era possível estabelecer a ligação defendida no artigo.


3) Autismo 

Esta também é engraçada. A correlação com o autismo surgiu de um estudo feito por economistas e sequer foi publicado em uma publicação científica.  O tal estudo avaliava algumas localidades com alta adesão a TV a cabo com incidência de autismo. Detalhe: ninguém sabe por que as localidades escolhidas para o estudo foram selecionadas. Só rindo.

Não sei se existem estudos mais sérios sobre o assunto. Mas pelo menos nenhum que a autora tivesse conhecimento à época da escrita do livro.

4) Zumbis

Não. Aquele olhar vazio das crianças quando estão ligadas na TV e não te ouvem, não significa que estão em um estado de supressão de processos mentais. Não estão vegetando.  Existe envolvimento cognitivo. Mas em que grau, varia com a idade.

Em experimentos em que as crianças eram expostas a um vídeo infantil sem alterações, a um vídeo com cenas embaralhadas e outro em uma língua que nunca tinham ouvido, verificou-se que crianças maiores  de 2 anos percebem as diferenças e reclamam que há "algo errado" com o vídeo embaralhado, por exemplo. Crianças menores não perceberam, mas não se pode inferir o que são capazes de distinguir.

Além disso, também se demonstrou que a atenção das crianças não é contínua. Elas desviam bastante da tela e quanto mais jovens, maior a frequência dos desvios.

5) TV como barulho de fundo faz mal

Particularmente para a fase que as crianças estão desenvolvendo a linguagem. Por quê?  A TV ligada em segundo plano interfere negativamente com as atividades em primeiro plano. Apesar de nem sempre percebido, pesquisas mostram que este barulho de fundo (que pode ser de outras fontes como rádio ou ar condicionado barulhento) atua como uma distração. Afeta a qualidade da interação dos pais com a criança. A qualidade da brincadeira em termos de o quanto a criança se envolve com o que está brincando. E, quanto mais alto o barulho, mais afeta a capacidade das crianças distinguirem e entenderem a fala de outras pessoas, fundamental para o desenvolvimento da linguagem.

6) Aprendizado e violência

O livro tem muito mais informação a oferecer. Por exemplo, discute ainda se as crianças conseguem aprender assistindo programas de TV ou vídeo.  O aprendizado em situação de exposição passiva é quase nulo. Quando a mídia pede a participação do espectador (estilo as perguntas que a Dora faz nos episódios de "Dora Aventureira" ou o Steve em "Pistas de Blue") a possibilidade de aprendizado aumenta. Quando há um adulto diretamente envolvido, participando do momento com a criança, ela aprende ainda mais.  E, claro: exposição ao conteúdo violento, assustador ou de outra forma incompatível com a idade da criança (estilo uma criança de 2 anos assistindo Bob Esponja...) tem impacto negativo. Seja no aprendizado, desenvolvimento da linguagem ou emocional.

7) Contras

Um problema do livro é que ele está desatualizado. Ele fala de mídias eletrônicas da década passada. Formas de interação como as oferecidas pelas apps em iPad e similares ainda não estava em voga. A autora comenta somente no epílogo do livro que a pesquisa sobre este tipo de interação ainda estava começando. O modelo de interação destes dispositivos é diferente porque é altamente responsivo: não tem nada no meio do caminho entre a ponta do dedo e a resposta esperada. A interação é bem mais intensa. Não é como computador que a pessoa tem que ter em mente mapeamento de mouse, tela, clique e resposta. Seria um modelo que favoreceria mais o aprendizado?  E quais os pontos negativos? Por ocasião da publicação do livro ainda não havia pesquisa capaz de responder.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

De volta à natação

Laurinha teve seu primeiro contato com a natação aos 5 meses. Naquela época descobrimos que as crianças poderiam começar tão cedo quanto 3 meses! Além de acharmos importante a atividade física e, no caso da natação, seu papel na segurança da criança, tínhamos esperança de que o cansaço extra ajudasse com o sono, difícil naquela época. Não ajudou. Mas a aula era legal, ainda tinha a oportunidade de contato com outras crianças e continuamos com o "Bebê 1" (aula para crianças de 3 meses a 2 anos) até o fim.

Primeira aula de natação!

Não foi um caminho suave.  Às vezes a Laura ficava agitada e não participava de toda a rotina da aula. Era resistente com mergulhos e saltos. E, como ainda mamava, teve uma hora que tive que deixar de entrar na piscina com ela, pois ele queria o conforto do peito nos momentos de agitação. Assim, creio que por volta de quando a Laura tinha 1 aninho, a babá passou a entrar com ela na piscina. Normalmente o Douglas levava, pois minha presença também atrapalhava.

Ainda assim, tínhamos intenção se continuar. E iniciamos "Bebê 2" para crianças de 2 a 4 anos.  Nesta fase, as crianças ainda fazem aula na piscina infantil, mas entram na piscina sozinhas. Mas aí apareceu um problema de adaptação, pois trocaram de professora... A instrutora nova não estava lidando bem com a resistência da Laura em realizar algumas atividades como mergulhos e saltos, muito embora tivéssemos deixado claro para ela que não tínhamos expectativa de progresso rápido. Conhecemos a Laura e a última coisa que funciona quando ela está resistente é tentar forçar.  Precisa de muita paciência e encontrar o jeito certo de motivar. Enfim, as coisas chegaram a um ponto que avaliamos que o melhor seria tirar a Laura da aula.

Depois que ela completou 5 anos, começamos a nos preocupar novamente com a natação. Sempre surgem eventos em que piscina é parte da diversão... Tínhamos que supervisionar o tempo todo e, na maioria das vezes, entrávamos na piscina com ela. O que começou a ficar incômodo até para ela mesma, já que os amiguinhos nadavam e ficavam sozinhos na piscina.

De volta

Resolvemos apostar na familiaridade e retornamos para a mesma escola de natação. Felizmente, as lembranças ruins parecem não ter ficado. Mas o recomeço foi difícil. Embora ela gostasse da aula, da socialização, continuava resistindo principalmente com os mergulhos. Ela não admitia sequer colocar a cabeça embaixo d'água. Tivemos atenção especial do diretor da escola que chegou a fazer algumas aulas com ela. E os instrutores aconselharam que ela fizesse aulas com uma frequência maior, para que o ambiente e a aula se tornasse mais parte da rotina dela, ajudando a superar os medos.

A princípio ficamos inseguros de introduzir mais atividades na semana da Laura. Mas achamos que os instrutores poderiam ter razão, já que ela fazia aula apenas uma vez por semana, aos sábados. Além disso seria uma oportunidade para que ela fizesse aulas sem a nossa presença, pois, durante a semana a babá é quem levaria. A gente sabe que conosco por perto, ela controla menos o emocional.

E funcionou. Com paciência e aumento da frequência das aulas, a Laura desabrochou. E no fim do ano passado já estava fazendo aula com as crianças da turma que já estavam num nível mais avançado!! Ela ama fazer as aulas e estamos muito satisfeitos com o desenvolvimento dela.

Quanto às aulas de natação para bebê, avaliamos que, pelo menos no caso dela, não foram relevantes, nem parecem ter contribuído para o seu aprendizado atual.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

6 aninhos

Este ano os 6 aninhos da Laura foram comemorados em casa, fazendo passeios e atividades que ela gosta e na escola.

O aniversário coincidiu com a terça de carnaval, dia 17.  Assim, tivemos tempo e liberdade para deixar que ela escolhesse como queria comemorar em cada dia.

Começamos no sábado, dia 14 indo almoçar no The Fifties do Park Shopping, onde ela sempre pede cachorro quente (com catchup!) do menu infantil. A melhor parte do passeio? Ir prá la de metrô. Neste dia ela também escolheu o seu presente.

No Metrô

Escolhendo o presente

Domingo o papai baixou vários episódios do atual desenho preferido da Laura, o "Teen Titans Go" e ela mergulhou numa maratona. Ok, combinamos de afrouxar os limites e deixá-la comemorar...



Dia 16 ficamos em casa, brincando quase o dia inteiro :)

Dia 17, teve bolo,  claro, com direito a parabéns cantados por nós e os avós (por meio de chamada de vídeo). Neste dia também ela pediu para ir para um dos seus playgrounds preferidos, na 214 Norte.

Pronta para os parabéns

Torta de maracujá, o segundo sabor preferido :)

O dia mais esperado contudo, foi o dia 20, com celebração na escola. Ela não falava de outra coisa em casa e, segundo as professoras, na escola também! Estava empolgadíssima e a celebração foi bem divertida.

Com a amiguinha Maria Fernanda

Parabéns com bolo de chocolate, claro!

Muito felizes com nossa estrelinha

Com a querida Babá, Julienne