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Dias atrás, eis que estávamos as duas sozinhas e ela me pediu “Let’s swing in the cloth?”(Vamos balançar no pano?). Eu disse que não era possível, pois precisávamos de duas pessoas para segurar as extremidades. Ela não entendeu e continuou insistindo. Então eu peguei um de seus bonecos e pedi que ela segurasse uma extremidade da manta e então o balançamos. Adivinha o que ela falou depois da experiência: “Now Lolly!”! (Agora a Lolly!). Então eu perguntei: “Who’s gonna hold the other end?” (Quem vai segurar a outra ponta?) e ela: “Lolly!”. Não é uma graça?
Este é só um exemplo de como as crianças nesta faixa etária falham em fazer as conexões lógicas mais simples, as que consideramos totalmente óbvias. Por quê? Simplesmente porque ainda não atingiram maturidade intelectual para isso! Todo mundo acha casos como estes bonitinhos e compreende este tipo de limitação.
Mas e quando a criança dá uma birra daquelas em público e nos torna alvo de todas as atenções? Não só não tem graça, como às vezes reagimos de forma quase tão imatura quanto a criança, dando a nossa própria “birra”. Mas neste caso a criança também está se comportando assim por uma limitação: ela não é capaz de expressar sua frustração de forma aceitável...
Crianças menores de 3 anos raramente se comportam mal. 3 anos é considerada a “idade da razão” (quando a criança começa a desenvolver o raciocínio lógico). Crianças nesta faixa etária simplesmente têm o comportamento inadequado em várias ocasiões (como nas situações acima), porque ainda não alcançaram maturidade intelectual, emocional, motora, etc. para ter determinadas habilidades que lhes permitiriam agir de outra forma. Elas também não tem a experiência no convívio familiar e social que lhes dariam condições de saber e entender qual é o comportamento socialmente aceitável. Além disso, elas tem, instintivamente uma curiosidade e vontade de experimentar que muitas vezes supera suas habilidades para fazer o que pretendem.
Esta é uma das coisas que aprendi nas minhas leituras: entender o que é esperado para cada faixa etária, que habilidades a criança já tem ou o que possivelmente ainda lhe faltam, faz muita diferença na forma como você lida com cada situação. Neste aprendizado até o momento, ainda destaco algumas coisas que tem funcionado para nós:
Disciplinar nada tem a ver com punir. Tem haver com ensinar habilidades para que a criança desenvolva autocontrole, capacidade de cooperar e responsabilidade. Quando você pune uma criança você está oferecendo a ela uma oportunidade de se sentir má, injustiçada ou inadequada, mas não está ensinando nada a respeito do que ela deveria fazer para não cometer o mesmo erro no futuro.
Cada criança nasce com um temperamento próprio e entendê-lo e aceitá-lo é importantíssimo para um relacionamento equilibrado e feliz com seu filho. Alguns temperamentos são mais fáceis de lidar, outros mais difíceis. Nosso papel é respeitar os limites e canalizar as vantagens e desvantagens de cada um da melhor maneira. Para uma leitura rápida sobre o assunto, recomendo o artigo The Origin of Personality
Ser firme não é ser autoritário, ou agressivo. Ser firme significa definir regras, informá-las ao seu filho e/ou definí-las em conjunto com ele e seguí-las. É ser consistente. Assim você está sendo respeitoso com o seu filho e também ensinando respeito. Naturalmente, nenhuma regra precisa ser seguida a qualquer custo. Ás vezes a situação pede alguma flexibilidade. E saber ceder ou negociar no momento certo, também ensina a criança a desenvolver estas habilidades por meio do seu exemplo.
Estudar faz diferença. Ler sobre educação infantil, sobre o que é esperado de acordo com o temperamento, a faixa etária... Não significa que com informação você vai passar a dominar todas as situações ou fazer tudo certo, mas a informação ajuda muito a direcionar melhor nossos esforços. Também ajuda analisar os erros, aprender com eles e tomar decisões melhores no futuro. Estudar também facilita escolher um estilo de criação. Fica mais fácil ser coerente e consistente na sua forma de agir e se relacionar com a criança quando você elege os princípios coesos que direcionam suas atitudes. Por outro lado, seguir uma literatura sem senso crítico e sensibilidade sobre o que é adequado para a sua família também não tem muito sentido, temos que buscar um equilíbrio entre intuição e conhecimento.
Respeitar o ritmo da criança. Cada criança alcança os marcos de desenvolvimento num ritmo próprio. É bom ter referências sobre o tempo esperado para cada marco, para estar atento a oportunidades de aprendizado ou possíveis problemas. Fora isso, comparar com outras crianças normalmente leva a uma visão distorcida da realidade para mais (achar que a criança está muito adiantada) ou para menos (achar que a criança está com algum atraso). Usar a comparação para inspirar a seu filho a se comportar bem então... provavelmente só vai reforçar nele o sentimento de que ele não atende suas expectativas.
Não tomar decisões no calor da situação. No momento da raiva, perdemos a capacidade de raciocinar, é científico. Como é que esperamos tomar alguma atitude sensata em um momento destes? Assim, a primeira coisa a fazer num momento de crise é dar um tempo para a criança se acalmar e para que você mesmo se acalme. Depois, fica mais fácil discutir juntos o que aconteceu e buscar soluções. Mais uma vez você também estará sendo modelo para seu filho uma forma equilibrada de lidar com conflitos.
Bem, como tenho poucas oportunidades de postar, acabo querendo escrever tudo de uma vez só... e resumidamente.Talvez o post tenha ficado grande e um pouco vago. Para ajudar a clarear, fica a indicação de livros que já li. Acreditem: li todos enquanto esperava em filas, consultórios médicos, durante o lanche e ou por poucos minutos antes de dormir. A maioria em formato eletrônico usando Kindle, iPhone ou Netbook.
- Positive Discipline by Jane Nelsen (May 30, 2006) (Este tem tradução para o português - Disciplina Positiva)
- Positive Discipline: The First Three Years: From Infant to Toddler -Laying the Foundation for Raising a Capable, Confident Child (Positive Discipline Library) [ by Jane Nelsen Ed.D., Cheryl Erwin and Roslyn Ann Duffy];
- Positive Discipline for Preschoolers: For Their Early Years--Raising Children Who are Responsible, Respectful, and Resourceful (Positive Discipline Library) by Jane Nelsen Ed.D., Cheryl Erwin and Roslyn Ann Duffy (Mar 27, 2007)
- Positive Discipline A-Z, Revised and Expanded 2nd Edition: From Toddlers to Teens, 1001 Solutions to Everyday Parenting Problems by Jane Nelsen Ed.D., Lynn Lott, H. Stephen Glenn;
- The Discipline Book: Everything You Need to Know to Have a Better-Behaved Child-From Birth to Age Ten.by William Sears,MD and Martha Sears, RN; Volume 1;
- The No-Cry Discipline Solution: Gentle Ways to Encourage Good Behavior Without Whining, Tantrums, and Tears. by Elizabeth Pantley.
- The No-Cry Sleep Solution: Gentle Ways to Help Your Baby Sleep Through the Night - Elizabeth Pantley
- Nighttime Parenting: How to Get Your Baby and Child to Sleep -William Sears (Nov 1, 1999)
- Mindset: The New Psychology of Success - by Carol Dweck
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