quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A fada da chupeta

Em setembro a Laura fez sua primeira visita ao dentista, e, como esperávamos, a chupeta foi condenada. Segundo a Dra. Gabriela, a mordida já estava um pouco prejudicada, mesmo com a Laura não usando chupeta o tempo todo. Se a tirássemos antes que a Laura completasse quatro anos, haveria chances do quadro regredir sem a necessidade de aparelho ou outra intervenção. Já sabíamos que a recomendação era tirar por volta dos 2 anos, quando normalmente a dentição está completa. Mas eu, que tinha a chupeta como uma ótima aliada dos momentos de stress e de sono (principalmente depois que a Laura parou de mamar), não tinha planos de tirá-la antes dos 4 anos. Mas o Douglas já vinha se incomodando e com o parecer da Dra. Gabriela, já via a chupeta com os dias contados.

Diga aaaaahhhhhh!

A Laura usava a chupeta mais em casa para dormir, quando entendiada ou em algum momento que precisasse se acalmar. Sucção sempre teve um papel muito importante para acalmar a Laurinha. Acho que desde que estava dentro da barriga, onde, nas ecografias, ela apareceu algumas vezes chupando o polegar e o dedão do pé!

Além da conveniência de contar com este recurso, minha resistência em tirar a chupeta tinha a ver também com o fato de que eu  não queria introduzir agora mais uma mudança neste departamento, depois que ela deixou o peito.

Mas, enfim, o dever falou mais alto e, quando me senti mais confortável com a idéia, começamos a discutir como seria este "desmame". A Dra. Gabriela tinha sugerido a retirada abrupta. Segundo ela iríamos passar uns poucos dias tendo que lidar com a reação da Laura, mas passaria rápido. O Douglas viu com simpatia, e eu, claro, não gostei nem um pouco. Sou sempre pelas soluções graduais, que dão tempo de a criança absorver as mudanças no seu próprio ritmo.

Assim, a primeira medida que tomamos foi tirar a chupeta da rua. Explicamos para ela que chupeta seria só em casa. Deixei então de levar a chupeta na bolsa para  as emergências. Quando ela ficava contrariada em alguma situação fora de casa ou quando batia o cansaço, na hora de voltar dos passeios e ela pedia a chupeta no carro, passamos a tentar distraí-la de outras formas, uma das quais usar uma almofadinha de pescoço. Uma nova "amiga" para os momentos difíceis, a que ela deu o nome de Julia.

A nova amiguinha: Julia

Claro que ela protestou. Além de chorar nas primeiras vezes, ela ficou muito mais grudada com a chupeta em casa. O Douglas chegou até a insinuar que esta abordagem não ia funcionar, que deveríamos tirar de uma vez só. Mas eu estava convencida de que esta etapa era necessária para ela se acostumar com a idéia e, principalmente, perceber que era capaz de ficar sem a chupeta.

Outra coisa que fizemos foi comprar um livrinho que contava a história de crianças que largavam a chupeta. Ela adorava ouvir a história. Ao mesmo tempo começamos a patrocinar a fada da chupeta. Tirei a ideia de um livro da Elizabeth Pantey.

É uma história parecida com a da fada do dente. A Laura tinha assistido um episódio dos Bubble Guppies que falava da fada do dente e ficou super fã. Até pediu para ir ao dentista (foi quando aproveitamos para levá-la). Eu dizia para ela que a fada da chupeta era muito sabida. Que quando a criança estava pronta e antes que os dentinhos ficassem estragados, a fada da chupeta vinha, levava a chupeta e deixava uma surpresa em troca. E as chupetas seriam levadas para a terra dos bebezinhos, onde sempre precisavam de muitas chupetas :-)

Deema, dos Bubble Guppies, feliz com a Fada do Dente

A Laura começou a ficar encantada com a ideia, mas também em conflito. Às vezes dizia que já estava pronta, pedia para encenarmos que a fada da chupeta tinha vindo e para ler o livrinho das crianças que largavam a chupeta. Outras horas dizia que não queria que a fada viesse!

Na primeira semana de outubro entramos de férias e resolvemos que seria o melhor momento para a fada entrar em ação. Se tivesse alguma crise, estaríamos disponíveis para passar mais tempo com ela. Como a Lolly tinha três chupetas, decidimos que a fada faria três visitas.  E, claro, deixaria 3 surpresas, progressivamente mais interessantes.

No primeiro dia, colocamos adesivos de fada na sua cama e na cômoda. Ela ficou toda animada! No segundo dia, foi meio acidental. Tinha comprado uma roupa de cama de fada e deixei secando no varal. Por coincidência, uma das duas chupetas restantes sumiu. E a Laura quando viu a roupa de cama no varal falou toda animada que tinha sido a fada que tinha levado! E eu fiquei no maior aperto para achar a chupeta e sumir com ela pra valer. Felizmente deu tudo certo.

A Fada da Chupeta passou por aqui...


Enfim chegou o dia da tirar a última chupeta. Quando ela acordou, parece que sabia. Foi correndo para a sala, onde encontrou  uma "trilha" feita pela fada com florezinhas de papel, da janela da sala para o sofá e para o chão. Na sala, uma mesinha e cadeirinhas novas, tudo com motivo de princesa. Além de algumas bonecas de pano e de uma nova amiguinha para as horas difíceis: uma almofada de pescoço na forma de uma ratinha, que mais tarde a Laura batizou de Squeaky.

A visita final da Fada da Chupeta!

Depois de um tempo brincando, a Laura tropeçou e caiu. Começou a chorar e queria a chupeta. Aí veio a primeira e única crise. Ela chorou, disse que queria chupeta e que não queria que a fada da chupeta viesse. Eu peguei no colo, coloquei Squeaky no pescoço dela e aos poucos ela foi se acalmando. Nos dias que se seguiram, ela chegou a mencionar a falta da chupeta na hora de dormir algumas vezes.  Chegava a ficar com a mãozinha, os dedos, ou Squeaky encostada na boca. Depois parou de verbalizar, embora continuasse colocando as coisas na boca (tipo mastigar o bico da garrafinha de água...) em algumas ocasiões. Este comportamento foi diminuindo com o tempo, até desaparecer. Squeaky virou mesmo amiga, até comprei uma de backup.

Ficamos muito felizes de ter conseguido fazer também esta transição de forma suave!




sábado, 1 de dezembro de 2012

Lendo?!


A Laura adora livros. Ela brinca de "ler" sozinha no iPod, com seus livros eletrônicos ou nos pede para ler (além da hora de dormir, que já é tradição) praticamente todos os dias. Também já sabe reconhecer há um bom tempo todas as letras do alfabeto, maiúsculas e minúsculas, bem como seus sons (mais em inglês que em português). Estávamos na expectativa de quando ela iria manifestar outras habilidades necessárias para leitura. Neste meio tempo, quando percebíamos uma oportunidade, líamos algumas palavras tentando mostrar como os sons que ela já conhecia se combinavam para formar sílabas e palavras.

"Biblioteca" da Laura

Um belo dia, mais precisamente em 18 de agosto, a Laura leu sua primeira palavra em um letreiro: ROSSI. O Douglas tinha parado para arrumar o retrovisor do carro e eu a vi olhando pela janela, lendo esta palavra da forma que fazíamos com ela de vez em quando:  juntando som por som até ler a palavra inteira. Eu arregalei os olhos e tentei chamar a atenção do Douglas.

Depois deste episódio, tentamos mostrar mais palavras para ver se ela repetia a façanha, mas ela se mostrou resistente.  Às vezes a  Laura reage assim quando está desenvolvendo uma nova habilidade, como se  sentisse pressionada ou tivesse medo de errar. Então demos um passo para trás. Não costumamos forçar nenhum aprendizado, apenas aproveitamos as oportunidades para estimular aquilo em que ela demonstra interesse.

Pois bem, com o tempo ela voltou a  fazer o mesmo exercício, juntando os sons e atualmente tem andado curiosa sobre o que está escrito nos mais diversos lugares.

Segundo o Child development tracker, uma criança vai ter todas as habilidades necessárias para ler, por volta dos 6 anos, quando normalmente são alfabetizadas. Por curiosidade, olhei algumas que a Lolly já tem, em cada faixa etária. Considerei apenas as características relacionadas ao reconhecimento de sons e domínio do alfabeto (ia dar muito trabalho olhar também relacionamento com livros e entendimento do texto  mas este é um quesito em que ela também já tem algumas habilidades de crinaças mais velhas)

entre 3 e 4 anos:
  • identifica palavras que rimam
  • sabe dizer que duas palavras começam com o mesmo som
  • pergunta o que está escrito em diferentes situações
entre 4 e 5 anos:
  • lista palavras que rimam, a partir de uma palavra dita por um adulto
  • consegue quebrar palavras em sons e segmentos
  • sabe que números não são letras
  • confunde letras minúsculas similares como p e q , d e b
entre 5 e 6 anos:
  • consegue reconhecer todo o alfabeto, letras maiúsculas e minúsculas e seus sons
  • consegue ler palavras simples, cuja leitura seria difícil apenas juntando os sons, uma vez que não seguem as regras gerais (sight words) como the, to, for, it,  go, on, up, at, cat, dog (só começando...)

entre 6 e 7 anos:
  • cria novas palavras mudando o som inicial como sun e fun, map e tap
  • funde os sons para formar (ler) palavras (só començando...)
Para acompanhar esta fase,  resolvemos pesquisar livros específicos para crianças que estão aprendendo a ler e descobrimos que em inglês há uma organização bem complexa em níveis de leitura. Estes níveis variam de A até Z e se baseiam nas habilidades que o livro exigirá da criança, como número total de palavras, número de palavras diferentes, suporte de figuras, tamanho e complexidade das sentenças, tamanho e espaçamento das letras, número de palavras por página, dentre outros. Não sei se em porguês é assim também, ainda não buscamos informação. Então compramos livros com sight words e níveis de leitura A, B e C (adequados para crianças em idade pré-escolar - 4 a 6 anos), para termos material  para apoiar o interesse da Laura em ler, à medida que ela se desenvolve. Já colocamos os livros de sight words e leitura nivel A, junto com os demais livros que ela tem,  para  que ela possa explorar. Assim, quando ela quer, brincamos com estes livros e temos tido momentos bem divertidos!

Pacote com livrinhos de sight words - novas aquisições para a "biblioteca" da Lolly
 
Cantinho de arte da Lolly
 Por outro lado, ela demonstra poucas habilidades relacionadas com escrita. Algo que ela ainda está desenvolvendo é sua coodenação motora fina, o que se reflete no resultado de atividades que requerem representação gráfica, como desenhar, colorir e escrever.  Com exceção de pintura ou apps, espontaneamente é difícil ela procurar atividades desta natureza para brincar.  Assim, para ajudar com este desenvolvimento, este semestre a Laura começou a fazer aula de artes duas vezes por semana. Está adorando!