sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

4 aninhos

Birthday girl!

Ainda seguimos comemorando o aniversário da Laurinha na escola. Como este ano na data de seu aniversário (17/02) ela ainda estava de férias (as aulas começaram em 18/02), a comemoração se deu na primeira semana de aula, hoje, 22. Como contamos ano passado, o plano é comemorar de forma diferente, com festa ou outra coisa, quando ela quiser.

Nossa pequena anda fã de fantasias e neste dia foi de princesa. Talvez por ser a primeira semana de aula, momento ainda de adaptação às novidades, a Laura não estava tão à vontade quanto no ano passado e teve resistência em ser fotografada em alguns momentos.  Mas, no geral, foi uma ótima comemoração. Feliz 4 aninhos, Lolly!

Bolo de chocolate... huummm

Com a amiguinha Luíza...

...Mom


...Dad

... turminha e... Chega de fotos!


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Bilinguismo é tudo de bom!

Quando escolhemos dar à Laura uma educação bilíngue, tínhamos uma vaga ideia dos benefícios do bilinguismo para a criança. Para nós, tinha a ver principalmente com a vantagem de falar uma segunda língua bem próximo do falante nativo. Mal sabíamos que essa escolha traria tantas surpresas interessantes.

Bilinguismo é muito mais que aprender ou saber uma nova língua. Alguma coisa, não se sabe bem o quê, ocorre na cabeça do indivíduo bilíngue, dando-lhe uma nova perspectiva de mundo. Eu não iria tão longe quanto este artigo do New York Times, que afirma que os bilíngues são mais inteligentes que os monolíngues, pois inteligência não é algo fácil de definir ou de medir (que o diga os paradoxos do Efeito Flynn, em que o QI das pessoas não deveria variar de geração a geração, mas está aumentando consistentemente). Mas não existem mais dúvidas, como tratarei a seguir, de que o bilinguismo traz uma série de benefícios cognitivos para o indivíduo, afetando vários aspectos relacionados ao que se conhece de inteligência.

Quando falo de bilinguismo, estou utilizando uma definição que é bastante citada em trabalhos científicos: bilíngue é o indivíduo que utiliza dois ou mais idiomas em suas atividades diárias, também como instrumento de aprendizado. Ou seja, a princípio não se incluiriam aí os frequentadores de cursinhos de línguas ou coisa parecida, pois nem sempre levam ao bilinguismo, segundo François Grosjean em Bilingual Life and Reality  (nesses cursinhos, a segunda língua é geralmente um fim em si, e não utilizada como instrumento de aprendizado: não se tem aula de matemática, por exemplo, no outro idioma).

Deve haver exceções, mas o bilinguismo está mais relacionado com famílias bilíngues e escolas bilíngues, em que ambos os idiomas são utilizados como instrumento, diariamente. É também o caso de famílias de imigrantes. Claro, há sempre a possibilidade de a pessoa se tornar bilíngue mais tarde, na tradicional "aulinha de inglês", mas é muito mais difícil. Basta olhar em volta e ver o grande número de pessoas que estuda inglês durante anos a fio, sem se tornar bilíngue e ainda esquecendo boa parte do que estudou após um tempo. Esse "me engana que eu gosto" ocorre porque, nas escolas de inglês em geral, o objetivo é o aprendizado da língua em si, não o seu uso como meio para outros temas. Novamente digo que há exceções, mas não é fácil achá-las.


Muita gente, quando fala de bilinguismo, tem um monte de ideias pré estabelecidas, sem fundamentação. Os tipos de besteira que se lê e se ouve por aí são, por exemplo:

  • Aprender um segundo idioma desde cedo é prejudicial ao desenvolvimento da linguagem da criança;
  • Bilíngues têm problema de personalidade por estarem divididos entre duas línguas;
  • Bilíngues jamais conseguirão fluência completa na língua materna devido à influência da segunda língua;
  • Uma língua atrapalha a outra e o bilinguismo gera confusão mental;
  • É maldade expor um bebê, por exemplo, a outro idioma;
  • Se os pais não forem nativos do outro idioma, a criança aprenderá errado ou não aprenderá;
  • Bilinguismo é um modismo bobo que vai passar logo;
  • Etc...
Esses preconceitos muitas vezes são pura inocência de quem não conhece as dimensões do bilinguismo.  Para se ter uma ideia, há hoje cerca de seis mil línguas no mundo e entre 50% e 75% da população mundial é bilíngue!!! Será que a maioria da população mundial tem confusão mental, problemas de personalidade ou atraso linguístico? Será que países bilíngues, como o Canadá, promoveriam o bilinguismo como política de governo se fosse prejudicial às crianças? De fato, alguns dos mais importantes pesquisadores dos efeitos cognitivos do bilinguismo são canadenses, como a psicóloga Ellen Bialystok, da universidade de York, em Toronto.

A verdade é que as crianças são incríveis para aprender idiomas. Alguns estudiosos, como Noam Chomsky, chegam a dizer que possuem uma área no cérebro desenvolvida especificamente para aquisição da linguagem (tal área iria desaparecendo com a idade, por não ser mais necessária na idade adulta, motivo pelo qual somos tão incompetentes para aprender línguas depois de velhos). Outros, como Terrence Deacon,consideram que são extremamente bem adaptadas a adquirir a linguagem em interações sociais. Elas aprendem o idioma materno mesmo sem que os pais deem feedback sobre seu progresso. De fato, há povos que nem conversam com as crianças até que elas sejam capazes de manter uma conversação, segundo Steven Pinker. Logo, não seriam os pais, nem ninguém, que "ensinam" deliberadamente a criança a falar!

Normalmente nós subestimamos a capacidade até de bebês em "absorver" a linguagem. Este artigo da BBC, por exemplo, trata de estudos que concluem que bebês de apenas sete meses já conseguem identificar diferenças nas estruturas gramaticais de idiomas distintos ao crescerem em ambientes bilíngues. 

Sobre essa capacidade impressionante das crianças, Steven Pinker cita, de forma bem interessante, que:


(...) a criança de três anos de idade é um gênio da gramática - domina a maioria das construções, obedece regras com mais frequência do que as quebra, respeita os princípios universais da linguagem, comete erros de forma sensata, como um adulto os cometeria, e evita completamente a maioria dos erros. Como consegue isso? Crianças dessa idade são notavelmente incompetentes na maioria das outras atividades (...)

Ou seja, mesmo antes de ser capaz de fechar um botão de roupa, usar uma colher, ou mesmo fazer xixi no local adequado, a criança já consegue a façanha de entender e falar um ou mais idiomas, respeitando as regras gramaticais sem nem pensar no assunto, tarefa extremamente complexa para um adulto. Expor a criança à linguagem, qualquer que seja, é tão natural como dar oportunidades a ela de aprender a andar. Ninguém diria, obviamente, que aprender a andar seja prejudicial a uma criança!!!

Quanto a outros supostos problemas que o bilinguismo traria, de fato há trabalhos científicos mais antigos, do início do século XX, que concluíam ser o bilinguismo prejudicial em diversos aspectos. Entretanto, é um consenso hoje em dia na comunidade acadêmica que esses primeiros trabalhos possuíam muitas falhas metodológicas, quando não preconceitos subjacentes, com resultados pouco científicos e de bases muito frágeis. O ponto de inflexão nesta direção foi o trabalho de Peal e Lambert, de 1962, que demonstrou a fragilidade das pesquisas anteriores.

O consenso mais atual das pesquisas acadêmicas é que o bilinguismo promove um espectro de habilidades que vão muito além da capacidade de utilizar uma segunda língua. A quantidade de material que corrobora com essa visão positiva sobre o bilinguismo é muito vasta. A seguir, listo alguns dos benefícios mais estudados. Esses achados estão todos embasados em pesquisas que foram exploradas em minha monografia: Efeitos do Bilinguismo no Desenvolvimento Cognitivo.


Em resumo, quando comparados em testes de avaliação de linguagem e cognição, os bilíngues possuem as seguintes vantagens em relação aos monolíngues:

  • Menor tempo de resposta em tarefas que exigem resolução de conflitos e atenção seletiva. Por exemplo, suponha um teste em que aparece uma palavra representando uma cor. Ao mesmo tempo, as letras da palavra possuem uma outra cor (ex: verde - azul - vermelho). O conflito estaria em selecionar corretamente a palavra e não a cor, ou vice-versa (ex: selecione a palavra "azul" e não a que tem a cor azul). Os bilíngues conseguiriam realizar esse tipo de tarefa mais rapidamente que os monolíngues. Um exemplo é a Tarefa de Simon.
  • Desenvolvimento precoce de um conhecimento sobre a própria natureza da linguagem (ou "consciência metalinguística"), auxiliando no desenvolvimento da comunicação. Por exemplo, noção intuitiva precoce de que a relação entre uma palavra e um objeto é mera convenção. Isso faz com que crianças bilíngues tenham mais habilidade em tarefas que exigem dar "rótulos" a objetos. Em um teste, foi pedido a crianças bilíngues e monolíngues que fingissem que a palavra "tartaruga" na verdade significa "avião". Enquanto os bilíngues consideraram correta a frase "a tartaruga está voando", os monolíngues mostraram mais confusão com a arbitrariedade do rótulo "tartaruga". Crianças bilíngues desenvolveriam esse aspecto cognitivo mais cedo.

  • Maior eficiência no uso da língua como instrumento do pensar. Algumas pesquisas indicam até que os bilíngues duplamente fluentes escolhem a língua "mais adequada" para pensar, dependendo do tipo de problema a ser resolvido, facilitando sua resolução.

  • Proteção contra a degradação, com a idade, de determinadas funções mentais. Vários trabalhos mostram que idosos bilíngues possuem menor perda cognitiva do que a verificada em monolíngues de mesma idade.
  • Facilidade em compreender as convicções de terceiros. Também conhecida com "Teoria da Mente", seria uma espécie de "empatia", que facilita a um indivíduo se colocar no lugar de outra pessoa e entender que ela tem seu próprio ponto de vista, seu modelo mental do mundo. Essa capacidade pode ser ilustrada pela frase "Eu sei que você sabe que ele sabe". Os bilíngues desenvolveriam uma teoria da mente mais cedo.
  • Vantagens no desenvolvimento do autocontrole, auxiliando no sucesso escolar. Ao que parece, os bilíngues treinam autocontrole o tempo todo ao ter que selecionar o idioma em que vão se expressar e inibir o outro idioma. Isso favoreceria esse autocontrole em outras situações, como na disciplina, por exemplo.

  • Transferência de conhecimento entre as línguas. O que se aprende em uma língua pode ser transferido para outra. Isso dá uma certa plasticidade ao aprendizado, pois determinados assuntos podem ser melhor explorados em um idioma que em outro. Por exemplo, pode ser mais fácil iniciar a alfabetização em um idioma que em outro, pelas próprias características dos idiomas. Ao mesmo tempo, determinadas informações podem ter sido mais amplamente tratadas em um idioma que o outro, como acontece no caso da vasta literatura científica em inglês, favorecendo o indivíduo que saiba inglês, neste caso.

  • Maior facilidade no letramento. As diversas vantagens envolvendo o desenvolvimento da linguagem parecem influenciar positivamente a alfabetização e o letramento dos bilíngues. Isso pode estar relacionado à compreensão precoce do que seja a linguagem humana.

  • Maior facilidade em aprender novas palavras.
  • Maior facilidade em trabalhar com palavras de significado próximo.
  • Melhor gerenciamento das habilidades cognitivas em geral. Isso relaciona-se ao que se chama de "função executiva", que os bilíngues parecem possuir melhor desenvolvida. Influencia positivamente na capacidade de planejamento e execução de tarefas, julgamento e autocontrole.
  • Maior habilidade em escolher as variáveis corretas para a solução de um problema.
  • Maior habilidade em acolher simultaneamente duas possíveis interpretações para um mesmo estímulo.
Esses efeitos aparecem mais cedo nas crianças bilíngues e permanecem por toda a vida. Pode haver um atraso no desenvolvimento da primeira língua quando se inicia o desenvolvimento da segunda, mas é pequeno e não duradouro.

Encontrei ao menos um trabalho que concluiu que os bilíngues podem ter um vocabulário menor que o dos monolíngues quando comparados na mesma língua. Também parece que os bilíngues possuem maior frequência do fenômeno de "ponta da língua", ou seja, saber a resposta mas não ser capaz de dizer. E também parecem ter menor velocidade de acesso lexical: demoram mais para escolher a palavra mais apropriada para dizer. Aparentemente (e ironicamente) o bilinguismo daria aos bilíngues uma série de benefícios cognitivos não relacionados à linguagem, mas ao custo de algumas desvantagens relacionadas à linguagem.

Entretanto, é preciso entender que o universo linguístico dos bilíngues é maior que o dos monolíngues. Dessa forma, não faz sentido comparar bilíngues e monolíngues com foco só na língua comum entre os dois, pois isso implica descartar metade do conhecimento dos bilíngues. Também é preciso ter em mente que os bilíngues não utilizam as duas línguas em tempo integral, obviamente. Precisam utilizar uma ou outra, ao contrário dos monolíngues. Supondo, por exemplo, que um bilíngue utilize português e inglês 50% do tempo para cada, ele estaria "treinando" o português só metade do tempo, enquanto um monolíngue o faria 100% do tempo. Logo, seria até de se esperar que os monolíngues levassem muito mais vantagens no português neste caso. Mas mesmo assim, a vantagem que as pesquisas encontram é muito pequena.

De qualquer forma, a conclusão acaba sendo que as vantagens em ser bilíngue superam em muito as desvantagens. Mas é preciso entender que as comparações não são absolutas e há um grande número de variáveis envolvidas que podem influenciar no resultado. As pesquisas atuais tentam isolar muitas dessas variáveis, mas nem sempre isso é possível. Também não é fácil saber como diversas dessas vantagens cognitivas se materializam nas situações reais, pois foram identificadas em testes, muitas vezes em situações totalmente artificiais em ambiente controlado.

Entretanto, uma vantagem concreta, com repercussões importantes, seria a maior facilidade dos bilíngues no letramento e maior chance de sucesso escolar. Só isso já seria suficiente para eu querer criar minha filha em um ambiente bilíngue!



No caso do bilinguismo em inglês, uma enorme vantagem que percebemos é a quantidade absurda de material pedagógico de alta qualidade naquela língua, principalmente quando se compara com a anêmica disponibilidade de material em português, muitas vezes importado e pessimamente traduzido. Além disso, exceto para assuntos muito específicos do Brasil, a maioria dos temas, principalmente acadêmicos, possuem literatura muito mais ampla em inglês, dando uma vantagem inegável a estudantes que dominam essa língua. Sem falar em outras possibilidades abertas pelo bilinguismo, como estudar, morar ou trabalhar no exterior. Mas isso fica para um outro post...




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Docinho

Nos últimos meses, comecei a anotar algumas frases que nos encantam pela douçura, inocência, pelo uso do vocabulário... ou tudo isso junto!


Docinho

"It's chocolate icing cold water! " ("É de cobertura de chocolate e agua gelada!" ??? - Seja lá o que for, é o sabor mais especial de qualquer bolo ou doce imaginário. Não temos a menor idéia de onde ela tirou isso).

"I'm still very so hungry" ("Eu ainda estou tão com muita fome!" - Frase predileta após o jantar...)

Papando na casa da vovó Letícia

"Mommy, I love your necklace!... It's a heart... I wish I could play with it!" ("Mamãe, amo seu colar.. é um coração... quisera poder brincar com ele!" - Reparando em uma correntinha com pendente de coração e mostrando que já sabe usar o condicional... )

"Mommy, your hair is all messy!" ("Mamãe, seu cabelo está todo bagunçado!" -  Mostrando que notou alguma diferença no penteado quando cheguei em casa, depois de ir ao salão... )

"Rubby, you're the best!" ("Ruby, você é o máximo!"" - Brincando comigo de Max and Rubby e feliz com o cardápio: omelete com brócolis, tomate e peito de peru).

"When I am big, I am going to marry you and daddy. You're my best friends!" ("Quando eu crescer, eu vou casar com você e o papai. Vocês são meus melhores amigos!" - Depois de ver o casamento de Tiana e Navine, em a Princesa e o Sapo.)

"Mommy, I like your dress!"("Mamãe, gosto do seu vestido" - E sempre repara em alguma coisa da mamãe para elogiar. Outro dia eu estava colocando o pijama nela e ela começou: "Mommy, I like your hair, I like your eyes, mouth, chin, shoulders...." ("Mamãe, gosto do seu cabelo, dos seus olhos, da sua boca, do seu queixo, dos seus ombros..." - Quem não se derrete?) ).

"What a beautiful hair!"("Que cabelo bonito!" - Elogiando o mesmo cabelo de todos os dias :-) )

"Daddy, you're the best man, ever!" ("Papai, você é o melhor homem de todos!" - O que deixou o papai de olhos marejados)

"Mommy, I don't want to make pee pee now, just next week!" ("Mamãe, eu não quero fazer xixi agora, só semana que vem!" - Protestando pra fazer não xixi antes de dormir)

Xixi, só na semana que vem, tá bom?
"Wow, mommy, your dress is superduper pretty! And it is blue, your favorite [color]!" ("Uau, mamãe, seu vestido é super hiper lindo! E é azul, sua cor favorita!" - Ao me ver usando um vestido longo estampado em azul)

"When I am big, big, big, I am going to work, too!" ("Quando eu for bem grande, eu vou trabalhar também!" - De férias em casa, depois de me perguntar onde eu estava indo. Ela queria ir trabalhar também...)

Superduper pretty!

"I am actually tired!" ("Estou deveras cansada!" - Um dia destes antes de dormir)

"There's no business like monkey business!" ("Não há nada melhor que macaquices!" Parafraseando a Minnie Mouse, que sempre diz nos episódios da "Minnie´s Bowtique", exibido no Disney Jr "There's no business like bow business!" O mais engraçado é que ela disse isso porque o papai estava imitando o Mojo Jojo (Macaco Louco das Superpoderosas). Além do que ela acabou usando sem querer a expressão idiomática "monkey business" (algo como "macaquice". ou "negócio suspeito", dependendo do contexo).   Aliás, ultimamente ela anda usando esta frase o tempo todo, trocando a palavra bow por outra adequada ao contexto!

"Mommy, I accidentally dropped my fork!" ("Mamãe, eu deixei meu garfo cair, acidentalmente!" - Ao chegar correndo na cozinha com o garfo na mão.)

"Mommy, you gotta believe me!..." ("Mamãe, você tem que acreditar em mim!..." em uma situação que nada tinha a ver com fé: ela tinha acabado de fazer xixi e não queria lavar as mãos...)

"I definitely ate a lot of meat!" ("Com certeza comi muita carne!" - Depois de acharmos alguns "vestígios" de carne, na hora do fio dental...)

A linguagem da Laurinha vem se desenvolvendo intensamente nos últimos meses, e é bonitinho ver como ela adapta frases e diálogos que ela ouve da gente, nos programas que assiste, livros, etc., quase sempre de forma apropriada ao contexto. E, claro, ela também usa expressões fora contexto, o que não deixa de ser uma graça!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Retrospectiva 2012 - De bebê a mocinha....


Durante o ano de 2012 o mais marcante no desenvolvimento da Laurinha foi vê-la passando por diversas transições. Deixando de lado (com um empurrãozinho ou voluntariamente), alguns hábitos ou comportamentos mais compatíveis com bebês para adotar outros mais típicos de uma criança pequena. 

No geral, a Laura já demonstra independência ou habilidades mais desenvolvidas em várias situações:

  • Vai ao peniquinho sozinha e também ao vaso com redutor. Traz o banquinho pro banheiro, coloca o redutor de assento, sobe, tira a calça e senta. Faz o cocô ou xixi e nos chama pra limpar. Xixi ela consegue enxugar sozinha quando usa o penico. Já consegue ir ao vaso sem redutor sozinha, mas aí se complica um pouco para se limpar.
  • Gosta de ajudar a fazer seu leite com chocolate. Pega o leite na geladeira, a colher na gaveta, coloca o copo no microondas pra aquecer... indica e é capaz de fazer quase todos os passos. Faria sozinha se deixássemos, mas ainda seria uma bagunça! Nossa política é ir dando autonomia aos poucos, na medida das suas habilidades e nos limites da segurança. Mas sempre procuramos envolvê-la nas tarefas domésticas que ela já é capaz de participar.
  • Também adora fazer omelete. Ajuda a pegar os ingredientes, já quebra os ovos e ajuda a misturar.
Fazendo omelete
  • Prende-se sozinha na cadeirinha de alimentação e na cadeirinha do carrinho. Consegue se soltar da cadeira do carro, mas só faz quando é pra descer mesmo. A cadeira de alimentação ela já não tem utilizado: senta-se normalmente à mesa.
  • Vira cambalhotas sem ajuda.
  • Já ensaia tomar banho sozinha, mas ainda muito incompletamente.
  • Escova os dentes com ajuda: ela faz quase todos os movimentos, mas ainda tem dificuldade com algumas manobras, tipo virar a escova pra escovar a arcada superior. Também não tem a noção do quanto precisa escovar e faz tudo muito rapidamente. Por isso escovamos sempre em dois turnos: primeiro ela e depois eu.
  • Lava as mãos sozinha: acende a luz, põe sabão, esfrega, enxágua e seca.
  • No parquinho vai sozinha em quase tudo. Ainda não pegou o jeito de se balançar sozinha, mas está quase.
  • Consegue pular de um pé só.
  • Tem se interessado cada vez mais por juntar os sons das letras para ler as palavras.
Também foram destaques neste ano o sono e a alimentação. O sono por finalmente ter se estabilizado: desde o final de 2011, já dorme a noite inteira a maioria das noites. Enquanto em 2011 o percentual de noites em que ela dormiu a noite inteira foi de 38%, em 2012 chegou a 86%, sendo que a média do segundo semestre foi superior a 90%.

Quanto à alimentação, tivemos um ano em que a Laurinha se tornou bem seletiva, diminuindo a variedade de coisas que ela admitia no prato e exigindo da gente alguma ginástica para garantir a ingestão principalmente de vegetais.

A seguir falo de alguns fatos importantes mês a mês em 2012:

Janeiro - seu desfralde começou no fim de novembro de 2011. No início ela fazia xixi, mas resistia em fazer cocô no peniquinho. Isto foi superado em janeiro. Quando voltou para a escola em fevereiro, já estava totalmente independente das fraldas durante o dia e teve um único acidente (ainda em fevereiro, se não me engano) o ano inteiro.  Já o desfralde noturno demorou um pouco mais, conto adiante.

Fevereiro  -  um dia depois de completar 3 anos, conversamos sobre a amamentação, que já era bem marginal a esta altura, e a Laura concordou em parar de mamar. Ela ainda manteve o apego ao peito por um bom tempo, demonstrado em alguns comportamentos como  continuar pedindo para "hug nummies" (me abraçar e colocar o rosto no meu peito) ou segurar o meu decote na hora de dormir (ela ainda dormia no meu colo, o que deixou de fazer mais para o fim do ano).
 
Maio - na apresentação do dia das mães, ficou no palco até o final, embora não tenha participado muito. Consideramos um progresso, tendo em vista que a Laura demonstra muita ansiedade em situações de exposição a um público maior o e normalmente se recusa a subir no palco.

Junho - no Star of the week, um projeto da Maple Bear, em que o aluno é destaque da turma por uma semana, participou de todas as atividades e se divertiu muito! Mais um progresso na questão de se expor, neste caso, diante dos colegas.

Julho - a Laura ainda dormia uma soneca à tarde e começou a não dormir neste horário de vez em quando.  Ao mesmo tempo, comecei a perceber que este sono da tarde estava afetando o sono da noite.  O padrão de sono da Laura até então era: se não dormisse a soneca da tarde, normalmente ela acordava à noite. Mas neste mês passei a perceber que, embora ela dormisse a noite toda, ela estava demorando mais para dormir.  Em outras palavras, na sua hora típica de dormir, ela ainda não estava com sono! Já nos dias em que pulava a soneca da tarde, dormia rapidinho.  Comecei então a diminuir o tempo de soneca do dia, programando tirar a soneca tão logo quanto possível.

Agosto - primeira demonstração da Laura de que já conseguia juntar o som das letras para ler algumas palavras.

Setembro - a Laura sempre foi muito grudada conosco, principalmente comigo. Por isso mesmo, usar as brinquedotecas dos shoppings, simplesmente deixando ela sozinha e sair para fazer compras, nunca foi uma opção. E eu mesma tinha certa resistência em fazê-lo. Ainda assim, começamos a frequentar a brinquedoteca do Iguatemi, a Vila animada, um espaço muito legal para crianças, como uma opção de lazer pra Laurinha. E ela realmente adora (chama de "Toy Village"). Começamos entrando lá com ela. Depois ficamos do lado de fora (os dois). Então começamos a revezar: apenas um de nós ficava, enquanto o outro saía. Até que percebemos que ela já estava familiarizada (e nós mais confiantes no serviço) e tentamos deixá-la sozinha. Isso aconteceu em setembro. E esta passou a ser a nossa opção para ter um momento a dois. Este mês também marcou o fim da soneca da tarde e sua primeira visita ao dentista.

Outubro - usando um processo muito gradual, que começou em setembro, ajudamos a Laura a largar a chupeta. Também neste mês a Laura contou até 100 (em inglês) sem ajuda pela primeira vez. Outra coisa que aconteceu pela primeira vez, foi a Laura assitir um filme inteiro no cinema, a animação Hotel Transilvânia. Antes disso, a Laura se cansava após uma hora ou pouco mais e saíamos dos filmes no auge da ação e curiosos sobre o final. Desta vez, com uma ajudinha do poder de convencimento do papai, a Laura aguentou até o fim. E a partir daí tem assitido os filmes inteiros.

Novembro - começamos a aferir o tamanho do nosso vocabulário em 2011, como uma forma de acompanhar nossa experiência com o bilinguismo. Descobrimos que, em 2012, o vocabulário da Laura quase dobrou! A Laura fala inglês fluentemente para a sua idade e prefere inglês a português no dia-a-dia. A impressão que temos é que para ela, o inglês, e não o português é o seu idioma nativo.

Antes líamos histórias para ela em português, mas agora ela quer que façamos a tradução. Não nos importamos com a sua preferência pelo inglês, pois sabemos que o português é a língua majoritária e será cada vez mais exigido dela. Uma coisa interessante é que ela tem exercitado bastante a tradução de um idioma para o outro, principalmente do inglês para o português. Como o vocabulário dela é maior em inglês, tenta fazer essas traduções ao transportar palavras para o português. Às vezes saem coisas bem engraçadas, mas obviamente não rimos para não inibi-la.

Também nesse mês ela começou a dar mais demonstrações de leitura. Conseguiu ler parte do nome de um episódio dos Bubble Guppies ao escolher de uma lista na TV. Começou com: teehee low... e daí já disse, toda feliz: "The Lonely Rhino!" Já conhecia o nome mas sacou pelo pedacinho que conseguiu ler.

dezembro -  na semana de férias que passamos na casa da vovó Glória, a  Laurinha passou a adormecer na cama na ao invés de adormecer no meu colo, como era o hábito. Na verdade, este comportamento a Laura só tinha comigo, pois quando dormia na companhia da babá ou do papai, adormecia na cama já há bastante tempo.

A grande atração para a mudança foi um mosquiteiro de teto cor-de-rosa que a vovó colocou sobre a cama da Laurinha, que é alérgica a picadas de pernilongos. Ela adorou a novidade e chamava de "castelo".  Pra ser sincera, eu adorava ficar com a Laurinha no colo até ela dormir, principalmente depois que ela deixou de acordar no meio da noite. Sempre considerei um momento especial de aconchego. Mas, como ela parecia pronta para adormecer na cama, compramos um "castelo" pra ela na volta das férias e colocamos em casa. E a minha mocinha passou a adormecer na cama, embora ainda não dispense a nossa companhia.

A leitura continuou em desenvolvimento. A esta altura, já conseguia ler várias palavras e frases curtas dos livrinhos de "sight words".

Um pouco de 2013

Está tudo acontecendo muito rápido. Enquanto eu escrevia este post a Laura parou de usar fralda noturna voluntariamente. Ela já vinha acordando seca quase 100% das noites há alguns meses, mas ainda estava muito apegada ao hábito de usar a fralda pra dormir. Eu vinha conversando com ela, sobre o assunto, contando histórias, mas, nada!... Quando eu decidi parar de fazer a minha campanha pelo desfralde noturno e comprar fralda para mais uns 2 meses, a minha pequena chegou toda decidia dizendo que tinha virado mocinha, e não ia mais usar fralda pra dormir. Isso aconteceu enquanto o papai lia um dos livros que usamos durante o desfralde diurno, que conta, claro, a história de uma menininha que está fazendo a transição das fraldas para o peniquinho. Outra coisa que veio junto com esta mudança é que ela está usando o vaso preferencialmente e sem redutor. Além disso, quer se limpar sozinha e chega a pedir para encostar a porta do banheiro, pois precisa de "privacidade".

Algo que tem nos impressionado é como consegue ler várias palavras e já tem noção de que formam frases maiores, que fazem sentido. Apesar de ser mais desenvolvida verbalmente em inglês, tem mais dificuldade em ler palavras nessa língua, o que é perfeitamente compreensível devido à fonética muito mais complexa. Em português acerta bem mais. Outro dia foi bem engraçado ela tentando ler "ANARQUISMO É LUTA" pichado num muro! Enrolou-se no "QU", mas foi muito bem no resto. Depois tentamos explicar como pudemos o significado :-D

O mais legal é que o que está aprendendo de leitura foi só com diversão: joguinhos do iPod, programas de TV, livrinhos e vídeos do Youtube. Ela é que sempre se interessou por material multimídia com letras, números, formas, etc. Não tentamos ensinar nada disso a ela, no sentido tradicional, só acompanhamos seu interesse e estimulamos enquanto se interessa.

Brincando no iPod. Antes que perguntem, ela jamais comeu no McDonald's ou afins!

Letras, números e as formas básicas aprendeu sozinha, desde cedo, entre 1 e 2 anos de idade, vendo filminhos e utilizando apps do iPod. Depois começou a se interessar por vídeos do Youtube com "phonics", que é o som das letras. Daí, passou a gostar de livrinhos animados no iPod, em que a história é contada e cada palavra falada é destacada. Ano passado começou a demonstrar habilidades para juntar os sons e ler palavras, o que nos causou admiração! Sempre na linha de incentivar o que ela gosta, principalmente quando é educacionalmente interessante, compramos livrinhos de sight words e de pré leitura, com historinhas. Líamos com ela enquanto apontávamos para as palavras, o que não era novidade pra ela, pois tem inúmeros livrinhos animados no iPod em que as palavras são destacadas enquanto são lidas. Como já conhecia os sons das letras e já estava começando a juntá-los, foi desenvolvendo mais a percepção de como juntar as letras para formar os sons das sílabas e das palavras. Começou a ler algumas palavrinhas mais curtas. Depois percebeu que as palavras juntas contam a história.

Daí chegamos onde estamos hoje, em que já consegue escolher um episódio de um programa pela lista de nomes, ainda com dificuldade, claro. Esta semana, por exemplo, ela leu, relativamente rápido, "Mad mix machine", ao escolher este episódio do Pocoyo da lista do Youtube pra assistir. Lembrou até do som do "ch"! O mais interessante é que pra ela é tudo diversão! Não tentamos de forma alguma "ensiná-la" a ler, no sentido clássico da palavra. Somente a temos exposto ao que lhe interessa, apresentando novos materiais quando os antigos parecem estar ficando chatos pra ela.

Ainda sobre a leitura, ela também tem brincado de soletrar. Outro dia pediu para eu adivinhar que personagem estava pensando e deu a dica, soletrando: GOLDILOX (Goldilocks, ou Cachinhos Dourados, personagem da historinha dos 3 ursos). Depois queria que eu adivinhasse o que queria comer, e novamente, deu a dica soletrando: SOISTIX (soy sticks, uns palitinhos de soja). O interessante  é que, apesar dos erros, foneticamente o que ela soletrou estava perfeito. E o que mais impressiona é que, aos 3 anos de idade, consegue sequenciar as letras na cabecinha sem auxilio visual, a partir do que acha ser os sons que formam as palavras!

Parece que está gostando muito da autonomia que esse novo "poder" que tem desenvolvido lhe dá :-) Para nós, o mais importante é que esteja se divertindo. Assim que fica cansada, já parte para outra brincadeira. Uma grande vantagem da educação bilíngue é a riqueza de materiais em língua inglesa, sejam livros, vídeos, apps, etc. A diferença em relação à quantidade de materiais em português é absurda! Estamos muito satisfeitos com o resultado da exposição dela a esses materiais para aprender brincando.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Aquapau

Ontem levei a Laurinha pra escolinha de artes, que fica a uns 10 minutos a pé de casa. No caminho, ela falou: "Vamos, cantar, mamãe!" E começou:

"Aquapau eu vou, Aquapau eu vou... " com a melodia de "The farmer in the dell"

Canta, mamãe!

Eu repliquei: "Meu amor, eu não estou entendendo, não conheço esta música...". Ela prosseguiu: "Mamãe, é assim, oh: aqua-pau!..." Tentando dar mais ênfase nas palavras. Eu continuei dizendo que não estava entendendo. Então ela resolveu explicar em inglês: "Mamãe! É assim: aqua-pau - water-stick!" O que só me deixou mais confusa. Até que olhei pra ela com a mochilinha nas costas e caiu a ficha: ela queria dizer "acampar"!

Na hora eu realmente não estava entendendo. Permaneci séria depois que entendi. Mas acordei hoje dando boas risadas ao lembrar e contar para o papai!