terça-feira, 3 de abril de 2012

Fim da amamentação

No dia 18 de fevereiro, um dia após a Laura completar 3 anos, uma inspiração divina juntou algumas idéias perdidas na minha cabeça e tive uma conversa com a Laura sobre mamar.  Fui à cozinha, enchi uma mamadeira pequena com leite, coloquei no criado da Laura e sentamos na cadeira de balanço para a mamada da manhã, como de costume.

Então eu e nummies (que é como chamamos o peito) dissemos para ela que nummies estava muito cansado e que precisava que a Laura o ajudasse. Assim, nummies precisava de carinho, abraços, mas se a Lolly quisesse leite, agora deveria tomar da mamadeira  (que batizei de "baby nummies", já que coisas de bebê tem muito apelo para ela). Pasmem: desde então a Laura não mamou mais.

Talvez eu devesse escrever Nummies assim, com letra maiúscula. A Lolly se refere aos nummies quase como entidades separadas de mim. Quando estamos na cadeira de balanço ela conversa com eles, chama para brincar e vira a e mexe solta um "I missed you so much!" ou "I love you nummies!".

Eu tinha optado pelo desmame natural ou guiado pela criança. Aquele em que a criança deixa de mamar quando isso não é mais importante pra ela em qualquer esfera, seja nutricional ou emocional. Mas eu não contava com uma coisa: que meu tempo ia chegar antes do dela! Alí, mais ou menos por volta dos dois anos e meio, amamentar a Laura começou a ficar incômodo. E nos meses que se seguiram até então, foi progressivamente se tornando uma tortura. Insuportável.

O que mudou? Não sei dizer. A amamentação pra Laura já estava limitada a alguns momentos de aconchego ao longo do dia. E, embora eu tenha optado pelo desmame natural, não estava seguindo exatamente a cartilha. Já ha bastante tempo, talvez desde os 2 anos, vinha desetimulando a amamentação, com a técnica "don't offer, don't refuse" (não oferecer, mas não negar a mamada), impondo restrições de hora e local ou recorrendo a distrações, até o ponto em que mamar siginificava: ir para cadeira de balanço no quarto da Lolly. Ou seja, se a Laura quisesse mamar na rua, teria que esperar chegarmos em casa, para irmos para o lugar de mamar. Na visão do Douglas, por exemplo, estava tudo bem, com a necessidade de mamar da Lolly diminuindo gradualmente.

Mas não para mim. O ritmo dela estava lento demais. Aí começou o meu dilema: desmamar? Unilateralmente? Não tinha me preparado para isso. E como racionalmente não achava que era o que deveria fazer, ficava o conflito. Como tirar da Laura algo tão importante para ela? Como terminar sem choro e ressentimento uma relação de carinho, intimidade e tantos momentos especiais entre nós?

Para variar, fui procurar a resposta nos livros. Olhei sites alinhados com a minha forma de pensar sobre o assunto como o Kellymom. Li sobre algumas experiências de desmame de outras mães no Babycenter... Comecei a ler no Google Books trechos do livro Nursing Mother's Guide to Weaning - Revised: How to Bring Breastfeeding to a Gentle Close, and How to Decide When the Time Is Right, enquanto a minha encomenda da Amazon não chegava. Nada parecia ajudar muito, embora este livro falasse que desmamar nesta idade seria relativamente fácil, pois é uma idade em que já se consegue obter certa compreensão e cooperação da criança. Talvez esta informação tenha me dado o "click". E meio sem acreditar, tive a conversa que contei no início.


Acho que funcionou porque teve baixo impacto na rotina da Lolly e não tirou dela o seu tão estimado contato com o peito. Hoje ela ao invés de pedir: " I want to have nummies" ela diz: "I want to hug nummies" e ela abraça, coloca o rosto no peito... e fica feliz. E "baby nummies", que ela achou muito interessante no começo (tomava até 2 mamadeiras de uma vez), foi esquecida em menos de 3 semanas.


Para mim o impacto foi enorme. Não que este novo cenário seja exatamente o ideal. Nem sempre estou tão disposta e paciente para estes momentos de aconhego. Acho que, com o tempo, o fato de ainda ser tão requisitada vai pesando. Mas a mudança preservou minha sanidade e, em geral, continua sendo um momento agradável. 

E foi tão tranquilo que hoje a história de mamar virou piada entre nós. Às vezes ela brinca, abrindo a boca fingindo que vai pegar o peito. Eu olho com aquela cara de espanto fingido tipo "O que é isso?!!" e caímos as duas na gargalhada. Nem em sonhos eu podia esperar que fosse assim, depois de tantos meses de sofrimento, remoendo sobre o que fazer.  Acredito que sua reação também seja sinal de que ela já estava pronta para este passo. 

Parei de mamar, mas adoro leite, queijo, iogurte, sorvete, etc...

A surpresa foi quando, após duas semanas sem amamentar, comecei a sentir um desconforto nos seios que virou formigamento e uma dorzinha leve. Um dia, depois do banho, vazou leite! Chegava a ser engraçado, depois de tanto tempo, ficar com o peito cheio. Até porque não parecia. Aliás, era um mistério como eu ainda tinha leite, com a Lolly mamando tão pouco. Voltei a tomar o anticoncepcional que tomava antes de engravidar e o leite secou em alguns dias.  Era mesmo o fim.


Em inglês, a palavra para desmame, weaning,  tem uma origem bem bonita e significativa pra mim: significava amadurecer, estar pronto para uma passagem. E, como dito em um trecho do livro Nursing Mother's Guide to Weaning, que conta também muito da história da amamentação e desmame em várias culturas 
"O desmame era um momento de celebração, pois a criança era valorizada como uma criança que completou um estágio, uma criança tão bem equipada com as ferramentas básicas dos estágios anteriores de desenvolvimento que tinha graduado para se lançar ao próximo estágio de desenvolvimento mais independente"...
 (Tradução livre e não autorizada minha) 

Fico feliz que na nossa história o significado pareça ser este.

Um comentário:

  1. Gente!
    E as novidades?
    Como foi o primeiro trimestre?
    Lolly se divertindo muito? E vcs tambem?
    Um beijo!

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