sábado, 2 de agosto de 2014

Açucar "do bem" ou "do mal"?


Hum... mas com moderação!

Diz o senso comum que os excessos não fazem bem. Não que o senso comum seja um bom guia pra tudo. Mas eu, uma moderada desde pequenininha, concordo com este.  Até água demais pode matar. Não é com o açúcar que seria diferente.  Mas tinha a impressão de que as informações a respeito do consumo de açúcar que se vê na media eram meio truncadas e, algumas, alarmistas. Fiquei me perguntando qual era a base científica para o assunto e resolvi pesquisar.

Quando li o livro The South Beach Diet, fiquei intrigada pelo fato de a primeira fase da dieta, que restringe o consumo de açúcar, excluir inclusive frutas. Segundo o livro, em suma, açúcar é açúcar, não importa a fonte. A vantagem das frutas estaria no consumo, junto com o açúcar, de vitaminas e fibras. Mas a frutose não é um açúcar "do bem"? E que açúcares seriam mais "do mal"? Muito se fala da sacarose e, mais recentemente, do açúcar de milho de alta frutose, como sendo o pior de todos.

Quero dizer que este post é muito pouco embasado para ter algum valor científico. Estou compartilhando com vocês uma revisão bem limitada. Sem falar que não sou da área de nutrição. Só curiosidade de mãe.  Mas achei que outras mães poderiam se beneficiar pelo menos da minha dúvida e ver com suspeição outras "verdades" divulgadas por aí, na hora de pensar nas escolhas para alimentação dos seus filhos. Eu não confio em nada que não seja cientificamente comprovado, por mais bem intencionada que seja a fonte.

Li uns dois ou três artigos que vão mais ou menos na mesma linha e compartilho alguns fatos daquele que considerei mais completo: Sucrose, High-Fructose Corn Syrup, and Fructose, Their Metabolism and Potential Health Effects: What Do We Really Know? (Sacarose, Açúcar de Milho de Alta frutose, e Frutose, Seu Metabolismo e Potenciais Efeitos para a Saúde: O Quê Sabemos Realmente?), publicado no Advances in Nutrition, uma publicação da American Society for Nutrition, a principal associação de pesquisadores e profissionais de nutrição nos EUA.

Conforme o artigo, a sacarose é composta 50% por frutose e 50% por glicose. O açúcar de milho tem duas composições principais: 55% de frutose e 45% de glicose (mais comum em bebidas) ou 42% de frutose e 58% de glicose (mais usado em comidas). Já deu pra desconfiar que não são muito diferentes, né?

A despeito da polêmica recente ligando o açúcar de alta frutose à obesidade, este e a sacarose não tem diferenças relevantes: além dos percentuais de frutose e glicose parecidos, tem mais ou menos a mesma quantidade de calorias, o mesmo potencial adoçante e são absorvidos pelo trato intestinal de forma similar. E mais: não há evidências de diferenças relevantes no metabolismo e resposta endócrina ao consumo destes açúcares. Quanto à comparação entre glicose e frutose, embora feita em muitos estudos, é pouco relevante para a nutrição humana, já que raramente estes açucares são consumidos de maneira isolada em nossa dieta.

A polêmica começou quando um  comentário publicado no American Journal of Clinical Nutrition (AJCN)  em 2004  sugeriu que poderia haver uma correlação entre o consumo de açúcar de milho e a epidemia de obesidade vivenciada nos EUA e outros países. Embora os autores da pesquisa tenham deixado claro que não se tratava de uma relação de causa e efeito, mas de uma associação temporal, isso não impediu a demonização do açúcar de milho de alta frutose na media e a exploração desse "achado" comercialmente, influenciando até a criação de políticas de governo.

O artigo conclui que os efeitos adversos do consumo de açúcar continuam em discussão.  A pesquisa ainda não está madura o suficiente no que diz respeito à maioria dos efeitos e  colocam que todos os resultados devem ser divulgados e vistos com cuidado, principalmente quando se fala de um nível de consumo considerado normal na população. Recomendo ler a conclusão do artigo para ver os principais problemas em discussão.

Eu costumo olhar muito os rótulos dos alimentos antes de comprar e depois deste artigo resolvi comparar os níveis de carboidratos em produtos naturais e industrializados. Suco de uva, por exemplo. O suco de uva de caixinha de 200 ml tem 29g de carboidratos. A mesma quantidade de suco de uva integral tem 31g. Não estou entrando no mérito de aditivos e conservantes ou nutrientes. Mas se o seu objetivo for diminuir o consumo de açúcar do seu filho é melhor diluir qualquer um deles com água (já costumava fazer isso) ou escolher o suco de uva Kapo, que tem 19g de carboidratos e menos aditivos.

Aliás, aditivos é outra questão que vejo com desconfiança. Sei que a última moda entre os pediatras  é desaconselhar o consumo de Danoninho, por exemplo, pela quantidade de corantes, conservantes, etc. Não vou expor minha filha desnecessariamente, mas sempre suspeito de mensagens alarmistas. Quem sabe investigo esta suspeita também... Sem pretensão de saber mais que os pediatras, mas assumo que todos temos limitações, a começar por mim.

Ah, em tempo, pelo menos para nós a pediatra da Laura não deu este conselho... ainda!

Atualização após nossa última consulta com a pediatra

Eu amo a Dra. Maria Bernardete! Quando eu perguntei sobre os aditivos, ela me disse que o assunto é controverso na literatura. Que sua linha é a da medicina baseada em evidências e que, conforme o estado da pesquisa atual, não há nada conclusivo sobre efeitos nocivos do consumo de alimentos contendo aditivos. O que se recomenda, por precaução, é evitar alimentos com excesso de aditivos para crianças muito alérgicas.  Ponto.

Atualização após consultas à nutricionista

Depois que engravidei novamente, busquei a orientação de uma nutricionista. Coincidentemente a pediatra da Laura também indicou a revisão de sua alimentação, já que ela está com sobrepeso.  Nada muito preocupante, mas ela achou prudente começar uma melhoria dos hábitos agora, como prevenção a longo prazo para a adolescência.

A nutricionista chamou a atenção para o fato de que não é só o teor de açúcar total que interessa, mas o que ele representa em relação aos demais ingredientes.  No rótulo dos alimentos, os ingredientes aparecem em ordem decrescente de quantidade. No caso do suco Kapo por exemplo, o principal ingrediente era o açúcar! Esta foi uma dica fundamental para a minha entender melhor os rótulos dos alimentos. Depois disso, a Laura passou a tomar só suco natural. E com moderação!

Com as orientações da nutricionista, descobri que vários itens da alimentação da Laura que eu tinha como saudáveis, não eram tanto. Mesmo produtos ditos orgânicos e integrais tinham mais açúcar do que eu imaginava, além de gordura hidrogenada. 

O ideal é fazer em casa. Vi que com receitas rápidas e práticas posso fazer bolos, biscoitos, panquecas, pães, etc., para um lanche mais saudável para todos em casa.

Está sendo mais difícil mudar os hábitos da Laura, mas vamos insistindo aos poucos e com paciência a gente chega lá.



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