Temos uma história muito parecida: por limitações financeiras, nunca tivemos oportunidade de ter educação formal em outro idioma. Até o a graduação, tivemos uma formação autodidata em inglês (e também alemão, no caso do Douglas) a partir de material doado, de biblioteca ou comprado em banca de revista. A opção por nos graduar em Computação intensificou a necessidade de dominar o inglês, pois praticamente toda a literatura que usamos na graduação, mestrado e profissionalmente eram/são em inglês. Mas até iniciarmos nossa vida profissional, os esforços do aprendizado do inglês permaneceram autodidatas.
Depois de casados, resolvemos estudar outros idiomas, desta vez em cursos formais. Estudamos francês e italiano por dois anos.
Além deste gosto por idiomas, a idéia de viver em ambiente multilingue, como em países europeus, sempre nos encantou. Acabou sendo um caminho natural pensarmos em bilinguismo quando decidirmos ter um filho. E mesmo sem educação formal, inglês foi a nossa opção por ser o idioma que dominamos melhor.
Ao estudarmos sobre biliguismo vimos que não precisaríamos ter um inglês perfeito ou sermos nativos para proporcionar uma experiência bilingue para nossa filha. Na verdade, oferecer uma educação bilingue está ao alcance até mesmo de famílias monolingues. Recomendamos os livros que citamos aqui, para quem quiser saber mais. A abordagem de educação bilingue que escolhemos é o minority language at home. Assim, em casa só nos comunicamos em inglês entre nós e com a Laura. Fora de casa, falamos português. E oferecemos a ela todo tipo de material em inglês: vídeos, apps, jogos, livros, músicas, o que é reforçado pela escola. Claro, ela também tem acesso ao mesmo tipo de material em português :)
Hoje, após quase 3 anos de experiência, estamos muito felizes com os resultados. Com um esforço que consideramos baixíssimo (falar inglês em casa), temos uma menininha que se expressa fluentemente em inglês e português, com um vocabulário até acima da média para sua idade.
Usamos este teste para avaliar o vocabulário atual da família e chegamos ao seguinte resultado:
Eu 9430 palavras
Douglas 12500 palavras
Laura 2560 palavras
Teste de vocabulário de inglês da Laurinha |
Segundo as estatísticas usadas neste teste, o tamanho do vocabulário de um nativo na lingua inglesa varia entre 20 e 30 mil palavras. Para quem está aprendendo, o tamanho do vocabulário varia entre 2500 e 9 mil palavras.
Segundo o Child Development Tracker, o vocabulário para uma criança de 2,5 anos, é, em média, de 800 a 900 palavras. O de uma criança de 3 anos é de 1000 palavras ou mais, chegando a 3000 até completar 4 anos. Ou seja, a Laura já tem um vocabulário típico de uma criança de mais de 3 anos.
E dá pra notar isso na sua comunicação. Ela já forma frases bem completas, embora ainda simples. Alguns exemplos do que ela tem falado em casa:
- I want to watch Youtube!
- I want to sit in Daddy's chair with Daddy!
- I want to see the letters! (querendo assistir a clipes com o ABC do Youtube)
- I want to go to Bibi's house! (quando cismou que queria ir à casa da coleguinha sem ser convidada)
- Let's make a cave? (querendo fazer uma cabaninha com as cobertas)
- Lolly can't go into the jumpo! Lolly has poo poo! (deixando sua vontade de subir no pula-pula de lado porque tinha cocô na fralda)
- Daddy, would you please give me that pencil? (querendo o lápis que o papai estava utilizando)
- Daddy, please bring me my purple towel! (ao pedir para sair da banheira)
- I didn't finish this book! I want to keep it! (com o livrinho Galope, imitando o Austin no episódio Masked Retriever, que não quer devolver o livro da biblioteca)
- The sticker is in the living room, Daddy told me! (chorando e falando comigo, porque o papai não queria deixar que ela colasse um adesivo no rosto por medo de irritar sua pele)
- No, I'm not dancing! I'm just swimming! (ao perguntarmos se ela estava dançando, pois fazia uns movimentos engraçados com os braços)
- No, mommy, I don't want to take a bath! I want to have nummies first! (dizendo que queria mamar antes de tomar banho).
Dá pra notar bem que a maioria são "eu quero" ou imperativos. Ela tem uma personalidade bem assertiva mesmo :-)
O que esperamos? Bem, hoje inglês é uma necessidade e poder proporcionar que a Laurinha domine o idioma sem nenhum esforço é um privilégio. Mas a educação bilingue é mais do que falar outro idioma. É viver uma experiência bastante rica, que abre horizontes para outras culturas e valores, além de contribuir para o desenvolvimento do cérebro. De quebra, aprimoramos o nosso próprio inglês e conhecimento da cultura inglesa.
Definitivamente, hoje somos entusiastas do biliguismo. É uma herança preciosa que nos orgulhamos de oferecer à nossa filha.
Nossa gatinha bilingue |
Muito legal! Eu também nao tive oportunidade de aprender Inglês ou qualquer outro idioma formalmente, era fascinada por Inglês e adoravaa outros idiomas como Espanhol e Alemão. Ainda criança anotava todas as palavrinhas novas que eu aprendia num caderno e ia treinando... Assim que surgiu o DVD passei a revezar legendas, dar pausa milhares de vezes e assistir o mesmo filme incansávelmente. Um ano e meio atrás decidi sair do Brasil e meus pais ficaram super preocupados, afinal "eu não falava Inglês". A surpresa é que cheguei aqui falando um pouco mais que o intermediário, e não tive dificuldade NENHUMA, apenas agreguei novas palavras ao meu vocabulário. Quero proporcionar isso aos meus filhos um dia e adorei saber que isso pode é sim possível. Queria eu que meus pais tivessem me dado essa atenção, assim teriam percebido como eu gostava e tinha essa facilidade. Parabéns ao esforço de vocês.
ResponderExcluirMonise,
ResponderExcluirsaiba que admiro seu esforço e sua coragem. Adorei seu comentário, pois queríamos mesmo passar a mensagem de que o bilinguismo é algo ao alcance de todos. Obrigada!
Abraços
Queridos!
ResponderExcluirQueremos mais noticias sobre o desfralde!!